Ofensiva terrestre de Israel na Faixa de Gaza é um desafio para militares e um risco para civis – Notícias



Um ataque por terra contra a Faixa de Gaza é um dos cenários possíveis e até mesmo um dos mais prováveis na guerra entre Israel e os terroristas do Hamas, uma perspectiva assustadora em uma cidade com 2,3 milhões de habitantes.


No entanto, confronto urbano exige combate corpo a corpo, reduz a visibilidade, multiplica as armadilhas, turva a distinção entre civis e militares e torna praticamente inúteis os veículos blindados.




Andrew Galer, ex-oficial britânico, agora analista da empresa de inteligência Janes, descreve um “campo de batalha de 360 graus onde a ameaça está por toda parte”, dos bueiros aos telhados.


Proteger cada prédio significará empregar desminadores, escadas, cordas e explosivos “possivelmente entre tiros” e no escuro, explica. Além disso, “existem riscos de disparos fratricidas” diante da dispersão e da mobilidade dos combatentes.


Embaixo do labirinto de ruas estreitas e superpovoadas, há uma forte rede de túneis apelidados de “metrô de Gaza” pelo Exército de Israel.


Centenas de túneis foram escavados debaixo da fronteira de 14 km entre Gaza e o Sinai egípcio para a circulação de combatentes, armas e outros produtos de contrabando.

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Muitos foram destruídos, mas desde 2014 o Hamas tem escavado vias subterrâneas no próprio território.


Assim, os combatentes se deslocam a 30 ou 40 metros de profundidade, fora do alcance dos ataques, ocultando sistemas lança-foguetes que levam à superfície ao usar alçapões.


O Hamas “conhece seus túneis de cor”, garante Colin Clarke, diretor de pesquisa do Soufan Center, em Nova York. “Alguns provavelmente têm armadilhas. Preparar-se para combater nesse terreno (…) exigirá muita informação (…), algo que os israelenses talvez não tenham.”



Especialmente sabendo que em um combate aberto, o defensor — neste caso, o Hamas — tem uma grande vantagem tática. Os túneis ainda podem ser usados como armadilhas para encurralar quem estiver dentro.


A operação será ainda mais complicada, já que o Hamas sequestrou dezenas de civis.


“A sociedade israelense não perdoará se a vida dos reféns não for prioridade”, e o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, “sabe disso perfeitamente”, observa Sylvaine Bulle, especialista em Israel do Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS), com sede na França.


A cobrança que a sociedade israelense fará vai, “sem dúvida, gerar conflitos de temporalidade entre o [campo] militar e o político”, prevê.


De fato, Israel não está atualmente em posição de negociar, afirma Kobi Michael, pesquisador do centro de estudos INSS, de Tel Aviv.


“O problema dos reféns não pode ser a principal prioridade de Israel”, que poderá cuidar dele “quando o Hamas estiver derrotado e fraco”, declara sem rodeios.


Um membro da cúpula política do Hamas no Catar confirmou: “Não há hoje nenhuma possibilidade de negociação sobre a questão dos prisioneiros nem qualquer outra coisa”.

 




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