“Agente Stone” prova que lugar de mulher também é em filme de ação
Já está claro para todo mundo que a Netflix adora produzir conteúdo ideológico. Uma rápida olhada no site Reclame Aqui (sim, aquele criado para criticar empresas) revela ex-assinantes indicando o excesso de “lacração” nos filmes e séries para justificar o cancelamento da conta. Com o lançamento de Agente Stone, estrelado por Gal Gadot, esperava-se mais um produto desse tipo, mas o espectador “só” ganhou um longa-metragem de ação divertido.
Claramente inspirada em franquias como Missão Impossível e 007, a obra foca a personagem titular, uma mulher que no primeiro momento é apresentada como uma agente administrativa. Ainda nos primeiros 15 minutos, descobrimos que ela é, na verdade, uma espiã infiltrada no MI6, que usa um sistema de Inteligência Artificial conhecido como o Coração para realizar acrobacias que desafiam a vida.
Equilibrando-se nesse disfarce, a agente Rachel Stone então descobre que uma hacker tem planos para roubar sua tecnologia preciosa. Isso ajuda a lembrar ainda mais do novo capítulo da franquia de espionagem com Tom Cruise. Em Missão: Impossível – Acerto de Contas, o agente Ethan Hunt está caçando uma IA que coloca todo o mundo em risco. É certo que os posicionamentos de Stone e Hunt sobre a tecnologia são diferentes. No entanto, chama a atenção que duas películas de espionagem lançadas no mesmo ano – e pela mesma produtora, a Skydance Media! – tenham adotado ideia tão similar.
Abaixo a tela verde!
Com a pretensão escancarada de iniciar uma nova grande franquia cinematográfica de espionagem, Agente Stone consegue divertir o espectador. Há muitas cenas de ação exageradas, como quando a personagem titular se joga de uma montanha nevada e dá a sorte de esbarrar com um paraquedas no caminho. Mas o filme também se preocupa em ter um roteiro minimamente inteligente, com bons diálogos e alguma vida além das perseguições e tiroteios desenfreados.
Os únicos problemas da produção são as acrobacias e o pouco carisma da Gal Gadot. Mesmo que bem pensadas, as cenas de ação têm uma aparência claramente artificial, pois a atriz principal e seus coadjuvantes gravaram tudo com ajuda de tela verde e efeitos digitais, algo que o citado Tom Cruise evita.
E quem assistiu a títulos como Mulher-Maravilha e Alerta Vermelho, estrelados pela atriz e modelo israelense, sabe que ela deixa a desejar na entrega de algumas falas. É inegável que Gal melhorou bastante desde que estrelou esses filmes, porém ainda está longe de ter o charme de Cruise para carregar uma franquia nas costas.
De toda forma, Agente Stone merece estar no Top 10 da Netflix por ser um filme amigável e capaz de divertir quem quer algo apenas para passar tempo sem esbarrar com “lacração”. Ele também serve para lembrar o espectador – que compreensivelmente já se esqueceu de Angelina Jolie em Salt – que o espião titular nem sempre precisa ser homem. Quem sabe seu lançamento não acaba inspirando alguma grande atriz a protagonizar uma produção ainda melhor e realizar suas próprias acrobacias?