Aliados de Lula armam ofensiva para emparedar Campos Neto e até tirá-lo do BC



O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou à mira de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a instituição decidir manter a taxa básica de juros em 13,75% na semana passada. O alvo agora, no entanto, não é apenas com notas ou falas críticas por não sinalizar um início de afrouxamento da Selic, mas um possível afastamento e até cassação do cargo.

Uma das estratégias estudadas é usar um processo
movido no Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar supostas
inconsistências contábeis de R$ 1 trilhão no balanço da autoridade monetária de
2019, segundo dados apurados pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Após diligências, auditores da CGU concluíram
que os demonstrativos “não refletem adequadamente, em todos os aspectos
relevantes, a situação patrimonial, o resultado financeiros e os fluxos de
caixa do BC”, segundo relatório a que o jornal Folha de São Paulo teve acesso.

Auditores do Banco Central explicaram ao relator
do processo, ministro Jonathan de Jesus, que não havia nada de errado na
contabilidade apresentada e que balanços de anos posteriores foram aprovados
sem ressalvas pelo próprio TCU.

Jonathan de Jesus foi empossado no cargo em
março deste ano após a saída de Ana Arraes, que presidia o tribunal e se
aposentou. Ele solicitou uma série de documentos e balanços ao BC para fazer
uma nova análise do processo e, posteriormente, levar para julgamento no
plenário do tribunal.

Em caso de condenação, o Senado poderia abrir um processo de cassação do mandato de Campos Neto.

Senadores miram ofensiva

Já em outra frente, a senadora Ana Paula Lobato
(PSB-MA) oficializou no Conselho Monetário Nacional (CMN) um pedido de
afastamento do presidente do Banco Central por “comprovado e recorrente
desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos da instituição”. O órgão,
formado pelo presidente da autoridade monetária e pelos ministros da Fazenda e
Planejamento define, entre outros índices, as metas de inflação.

“Oficializamos pedido de exoneração do
presidente do BC, devido sua persistência em manter injustificadamente as taxas
de juros, comprometendo a economia do país”, disse a senadora em uma rede
social.

Também no Senado, o senador Randolfe Rodrigues
(sem partido-AP), líder do governo no Congresso Nacional, protocolou um
requerimento junto à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para convidar Campos
Neto a prestar esclarecimentos sobre a decisão de manter a Selic a 13,75%.

“O presidente do Banco Central tem que prestar
explicações sobre por que está atuando contra o Brasil e contra a realidade. Talvez
eu nem entrasse no mérito da manutenção da taxa. Agora, todo o mercado estava
esperando uma projeção de redução [da taxa] a partir de agosto. O que o senhor
do Banco Central está dizendo para nós é que talvez a projeção de redução é
para 2024. Está ficando doido? Tá ficando maluco?”, disse em entrevista à
GloboNews na semana passada.

Campos Neto pode ter de dar explicações, ainda, aos ministros Fernando Haddad e Simone Tebet, com quem deve se reunir ainda nesta semana para discutir as metas de inflação para os próximos anos no CMN.



Source link