ALTMA projeta quadruplicar de tamanho até 2030
“Em um mercado conhecido por ser cíclico, adotamos uma postura arrojada, que contrasta com o conservadorismo histórico do setor da construção civil”, revela Falavina
Prestes a completar oito anos, a incorporadora curitibana ALTMA alcançou um VGV (Valor Geral de Vendas) sob gestão de R$ 250 milhões, com empreendimentos que trouxeram a Curitiba (PR) as principais tendências do mercado imobiliário internacional. Responsável pelo primeiro edifício residencial carbono zero do país, pela entrada da startup Housi de moradias por assinatura no Paraná e pelo primeiro empreendimento com o modelo Student Housing do estado, a empresa projeta uma nova “leva” de lançamentos para 2027, com VGV de R$ 450 milhões. E o plano de expansão da jovem incorporadora é alcançar R$1 bilhão em 2030.
À frente da ALTMA, o engenheiro civil Gabriel Falavina Dias, de 34 anos, colocou na incorporadora o ritmo e a ousadia aprendidos na carreira como piloto. Aos 16 anos de idade, já com títulos de Campeão Brasileiro, Paulista e da Copa Brasil de Kart, ele se tornou uma das principais promessas brasileiras para a Fórmula 1.
“O automobilismo foi uma paixão que eu herdei do meu pai [Walter Dias] e que, por muitos anos, foi a minha vida. Comecei no kart aos cinco anos e, na transição da F3 para a F2, decidi abandonar as pistas em função da forte pressão emocional que eu sentia, com o constante receio de frustrar expectativas. Depois de um acidente, que antecipou o meu retorno da Europa ao Brasil para tratamento da coluna, percebi que queria ter uma vida diferente. Na época, não havia suporte psicológico para atletas de ponta e competidores, algo tão essencial quanto o talento e o treinamento”, lembra.
Elie Horn, um exemplo
As lições aprendidas no automobilismo – de lidar com pressão e competitividade, além de desenvolver a capacidade de tomar decisões rápidas e acertadas – foram definitivas para a carreira de empreendedor da construção civil. Também tiveram papel decisivo para o sucesso de Falavina os ensinamentos de um dos mais importantes nomes da construção civil: Elie Horn, fundador e ex-presidente da Cyrela. Após deixar o automobilismo, em 2011, Falavina iniciou o curso de engenharia civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Ainda na faculdade, começou a trabalhar com a família de um colega, que construía empreendimentos para o programa Minha Casa Minha Vida.
Em busca de experiência, Falavina conheceu a figura que se tornou a principal inspiração para a ALTMA. “Eu estava, coincidentemente, assistindo a uma corrida de F1 na televisão, quando entrou um anúncio do processo seletivo da Cyrela. Eram mais de 4.500 candidatos para dez vagas, mas eu arrisquei e passei”, conta. A ALTMA foi fundada em 2016, por Falavina e o ex-sócio José Vilela, que sustentou a etapa inicial do negócio. O primeiro empreendimento da marca foi o Reserva Wiés, um condomínio horizontal no bairro Campo Comprido, em Curitiba, com um VGV de R$12 milhões. Com o sucesso das vendas, o empresário decidiu partir para um projeto ousado: o VIBE, primeiro contrato da startup Housi, pioneira no modelo de moradias por assinatura no país, no Paraná.
Recentemente, a incorporadora conseguiu superar a própria marca, com a venda dos 187 apartamentos do B41 no lançamento. O empreendimento será o primeiro do modelo Student Housing no estado. Exclusivo para moradia estudantil, o B41 será construído, em parceria com a HIEX, em frente ao principal campus da PUCPR, no bairro Prado Velho. O projeto de vanguarda inclui a parceria com a universidade, para a realização de atividades acadêmicas com estudantes de diversos cursos, aulas de campo nas diferentes etapas da obra e de disciplina e Programa Institucional de Bolsas de Empreendedorismo e Pesquisa (PIBEP) apadrinhados pelas incorporadoras. Na etapa anterior ao lançamento, as incorporadoras construíram uma praça de uso compartilhado para a vizinhança no terreno do empreendimento, com infraestrutura para atividades esportivas e de lazer. Além dessa “gentileza urbana”, a comunidade da Vila Torres, uma das regiões de maior vulnerabilidade social de Curitiba, foi acolhida pela ALTMA, com a doação de recursos para a construção da sede da associação do bairro.
No segundo semestre de 2024, a ALTMA e HIEX farão a entrega de outro empreendimento inovador: o Árten, primeiro edifício carbono zero do Brasil. O residencial incorporou diversas soluções para redução de gases do efeito estufa durante e após a construção. E o saldo de emissões da obra, calculado em 2.640 toneladas de CO2, já está sendo compensado, por meio da manutenção dos estoques de carbono de uma área de Mata Atlântica, em reserva ecológica da ONG SPVS (Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental), no litoral do Paraná. Junto da HIEX, a incorporadora tem, em construção, o MYTÁ, que terá uma floresta urbana plantada dentro do terreno do empreendimento. Com elementos da natureza em todo o projeto e soluções avançadas de sustentabilidade, o edifício busca alcançar uma pontuação de sustentabilidade pioneira com o selo GBC Condomínio categoria Platina. “Em um mercado conhecido por ser cíclico, adotamos uma postura arrojada, que contrasta com o conservadorismo histórico do setor da construção civil. Temos como foco o que chamamos produtos anticrise, mais resilientes nos momentos mais duros do mercado”, resume Falavina.