Campos Neto diz que inflação ainda não está superada e defende juros restritivos
O presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto, disse nesta terça (22) que a taxa de juros no país ainda precisa ser
restritiva por conta de uma inflação que ainda gera preocupação, embora tenha
apresentado uma melhora gradativa.
A afirmação foi dada durante a Conferência Anual
do Banco Santander realizada pela manhã. De acordo com ele, a luta contra o
aumento dos preços ainda não foi vencida.
“A batalha contra a inflação não está ganha. A gente precisa persistir. E adotamos uma linguagem na comunicação, que a gente entende que os juros ainda precisam ser restritivos”, disse em registro do jornal O Globo.
Segundo Campos Neto, o Banco Central examina de
perto os chamados “núcleos da inflação” ao tomar decisões sobre as taxas de
juros, sem levar em conta itens voláteis como energia e alimentos. Uma melhora
nesses indicadores sinaliza controle da inflação, embora o presidente do BC
tenha ressaltado que essa melhora ainda é tímida.
Recentemente, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou o primeiro corte na taxa básica de juros desde agosto de 2020, reduzindo a Selic de 13,75% para 13,25%, em um movimento divergente entre os diretores. O Banco Central também afirmou que novos cortes de 0,5 ponto percentual vão ocorrer nos próximos encontros da autoridade monetária.
Cenário externo reflete na economia brasileira
Além disso, o presidente do BC expressou
preocupação com o cenário chinês, que apresenta sinais de desaceleração
econômica que podem refletir na economia brasileira. “A China tem grande
desafio, com projeções de crescimento começando a ficar mais perto de 4%”,
afirmou.
O Brasil, em meio a esse cenário, tomou medidas
para lidar com a inflação e a economia. O presidente do BC destacou a mensagem
da ata recente do Copom, ressaltando que os juros restritivos continuam
necessários. Ele expressou satisfação quanto ao freio no crédito aplicado no
país, que foi mais moderado em relação a outras nações.
“Vemos uma grita muito grande sobre os juros no
Brasil, mas outros países subiram muito mais os juros que nós”, completou.
Campos Neto destacou que o Brasil buscou um “pouso suave” para a economia, gerenciando aumentos nos juros com equilíbrio. O crescimento potencial da economia brasileira preocupa, uma vez que a taxa de crescimento esperado tem diminuído.