Cidades na China têm animais com fome em zoos


Muitas cidades e províncias na China atravessam uma crise financeira e precisam cortar gastos para cobrirem uma montanha de dívidas. Um reflexo disso é o racionamento de comida a animais de zoológicos em algumas localidades do país asiático.

Um exemplo disso é o zoológico mantido no Parque Dongshan, na província de Liaoning, no norte da China.

Um grupo de conservação da vida selvagem emitiu um apelo a voluntários para doarem alimentos para animais famintos.

O zoológico é administrado pelo governo local, que está sem dinheiro e incapaz de alimentar os animais.

“Ainda há filhotes de urso no parque que precisam ser alimentados, a égua está prestes a dar à luz e sua alimentação foi reduzida pela metade, e o pessoal do zoológico não recebe pagamento há seis meses”, publicou o grupo em sua conta oficial na rede social Weibo.

“Esperamos que os departamentos relevantes possam prestar atenção a esta questão!”

O zoológico – que tem três cervos sika, seis ursos negros, dez alpacas e centenas de macacos e pássaros – não cobra entrada e dependia de fundos estatais, mas não tem recebido dinheiro há seis meses, segundo a entidade.

Crise imobiliária e covid-zero

A crise financeira foi acentuada durante a pandemia de covid-19 e pela pior crise imobiliária já registrada na China.

Os governos locais tiveram que gastar o equivalente a bilhões em testes em massa e confinamentos para cumprir a campanha de Covid-zero de Pequim.

China Xangai
Autoridades adotaram medidas para contornar crise financeira, como multas a restaurantes por servirem pepino sem licença | Foto: Reprodução/Pikfree

Já a crise no mercado imobiliário provocou uma queda acentuada nas vendas de terrenos, o que privou as autoridades de uma importante fonte de receitas.

Como resultado, algumas autoridades estão recorrendo a medidas extraordinárias para angariar dinheiro.

Uma delas são multas a restaurantes por servirem pepino sem licença e a motoristas de caminhões por transportarem cargas excessivamente pesadas.

Endividamento na China

O membro sênior do centro de pesquisas The Jamestown Foundation, Willy Lam, com sede em Washington, estima que os empréstimos tomados por prefeituras e províncias chinesas chegue na faixa de US$ 9 trilhões e US$ 12 trilhões (entre aproximadamente R$ 44,2 trilhões e R$ 58,9 trilhões).

Essa projeção inclui a chamada “dívida oculta” emitida por veículos financeiros do governo local. Estes veículos são entidades legais criadas por cidades chinesas para contornar as restrições de crédito impostas por Pequim.

Lam disse à emissora CNN que a situação parece estar “fora de controle”.

“Metade da receita gerada pelos governos locais é usada para pagar os juros de suas dívidas”, disse.

“Eles têm que recorrer a todos os meios para conseguir dinheiro: daí as duras multas aplicadas a restaurantes e outras empresas.”

Em junho, três restaurantes em Xangai foram multados em 5 mil yuans (US$ 685) cada por servirem pepino ralado em cima de macarrão frio sem licença, provocando um alvoroço.

“Esta é uma punição tão pesada por um motivo absurdo. Por que prejudicar as pequenas empresas que são as mais fracas?”, disse um usuário do Weibo.

“As cidades estão fazendo tudo o que podem para gerar renda”, disse outro usuário.

“Veremos mais multas arbitrárias?”.



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