Como a guerra entre Rússia e Ucrânia impacta o meio ambiente  – Notícias



O conflito entre Rússia e Ucrânia é marcado pelos prédios em pedaços, casas no chão, pontes em ruínas e diversas infraestruturas do país destruídas.


O cenário de destruição no atual conflito na Europa é a imagem que vem à mente ao falar de uma guerra, mas o impacto ao meio ambiente causado por um confronto de grandes proporções é um outro lado que não recebe tanto destaque, mas que é tão relevante quanto.


O deslocamento de tropas, tanques, caminhões e outros equipamentos militares pela região do conflito, além de aumentar as emissões de gases de efeito estufa, também afetam o solo e a vegetação.


O presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental), Carlos Bocuhy, explica que as guerras provocam uma massiva destruição de áreas florestadas e interfere duramente na biodiversidade local.


“Os impactos são intensos quando as tropas e maquinário pesado atravessam áreas ambientalmente frágeis como ocorreu recentemente nas reservas da biosfera ao sul da Ucrânia, nas áreas úmidas (wetlands) detentoras de significativa biodiversidade”, conta Bocuhy.



Soma-se a isso ao uso de explosivos e de outros armamentos, que deixam resíduos tóxicos no ambiente, como metais pesados, além de causarem incêndio.


Os aquíferos de profundidade, grandes reservatórios subterrâneos de água, também são contaminados em ofensivas militares e essa siutação pode afetar o abastecimento da população.



Bocuhy destaca que mesmo a destruição urbana, como os ataques de infraestruturas sanitárias, impacta negativamente o ecossistema de um país. “Ocorre a destruição dos serviços de infraestrutura como a coleta de resíduos, o que gera insalubridade e traz vetores de doenças infecciosas”, acresenta.


O próprio tratamento de esgoto, afetado por bombas, faz com que dejetos humanos cheguem aos rios sem qualquer tipo de processo que evite a degradação do meio ambiente.


Natureza como arma de guerra



Durante a história, não é difícil encontrar exemplos de exércitos que usaram o relevo e a vegetação como estratégia de guerra.


No século 19, o czar Alexandre 1º pediu às tropas que incendiassem e destruíssem campos e cidades para não deixar suprimentos para os soldados franceses de Napoleão Bonaparte — estratégia que ficou conhecida como terra arrasada.


Já no século 20, durante a guerra do Vietnã, foi a vez dos Estados Unidos destruírem as florestas do país invadido com agente laranja. O objetivo americano era eliminar a vegetação que camuflava os guerrilheiros da resistência vietnamita.


Por isso, em 2001, a ONU criou o Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Guerra e Conflitos Armados, celebrado sempre em 6 de novembro. O propósito das Nações Unidas é fazer com que a natureza seja preservada em meio a confrontos entre governos.


Além da destruição física do meio ambiente, Bocuhy destaca que as guerras impedem que governos possam sentar à mesa e discutir o futuro dos recursos do planeta.


“[A guerra] provoca dificuldades para a aprovação de acordos internacionais importantes, como os climáticos. Causa tensão no ambiente geopolítico, acirrando disputas regionais e por hegemonia geopolítica, enfraquece o multilateralismo colaborativo e o papel transformador e indutor da paz que é a missão prioritária das Nações Unidas.”



Todo esse esforço de guerra acaba reabrindo cicatrizes da história da humanidade, como o desastre de Chernobyl. A movimentação de tropas russas na planta nuclear ucraniana fez com que material radioativo assentado sobre o solo aumentassem os níveis de radiação na região.


No fim, o grande impactado do meio ambiente por uma guerra é o próprio ser humano.


“Mesmo os países que não participam diretamente sofrem impactos. Prejuízos à produção de alimentos, transporte e tráfego marítimo, danos ao comércio e suprimento internacional, além dos refugiados sobrecarregando países sem infraestrutura para absorver essa demanda”, conclui Bocuhy.




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