Conselho criado para dar transparência ao Senado não se reúne desde 2017 – Notícias





Criado com a função de debater e propor ações de transparência no Senado, o Conselho de Transparência e Prestação de Contas (CTPC) foi inaugurado em 2013 e se reuniu apenas 16 vezes nos últimos dez anos. A ausência do órgão compromete, entre outras coisas, a transparência sobre a distribuição de emendas parlamentares.


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A proposta regimental era de que o grupo fizesse reuniões a cada dois meses. Contudo, os integrantes se reuniram oficialmente pouco mais de três vezes por ano, entre 2013 e 2017, ano da última ata do órgão.





Documento publicado no site do Senado mostra que um dos últimos encontros foi em 4 de julho de 2017. Estiveram reunidos, na sala de reuniões da Secretaria de Transparência, a presidente do Conselho, a diretora da Secretaria de Transparência (STrans) Elga Mara Teixeira Lopes; Angela Silva Brandão, da Secretaria de Comunicação Social (SECOM); Dinamar Cristina Pereira Rocha, da Secretaria de Gestão de Informação e Documentação (SGIDOC); Jesus Chediak, representante da Associação Brasileira de Imprensa (ABI); e Manoel Galdino, da ONG Transparência Brasil.



Órgão consultivo da presidência do Senado



O Conselho foi instituído para ser um órgão consultivo da presidência do Senado e da Mesa Diretora, como consta no regimento do órgão. Deveria nortear a formulação da Política de Transparência e Controle Social sobre os atos da Casa.


Além disso, serviria para sugerir projetos e ações dentro desse tema e formular estudos e pareceres técnicos que seriam encaminhados ao presidente do Senado.


O comando do colegiado é exercido pelo responsável pela Diretoria da Secretaria da Transparência — atualmente, sob o comando de Elga Mara Teixeira Lopes. Ela é servidora concursada e recebe gratificação para ocupar o cargo de direção. Elga também Já foi diretora da Secretaria de Comunicação Social e diretora da Secretaria de Pesquisa e Opinião Pública.





A presidente do Conselho não quis falar com a reportagem. O R7 apurou que o órgão não se reuniu nos últimos anos devido à falta de representantes da sociedade civil em quantidade suficiente para o funcionamento. No entanto, não foram tomadas providências para convocar substitutos.


Segundo a assessoria de imprensa do Senado, além da falta de quórum, o Conselho também esteve inativo até então por conta do “contexto nacional com Covid e eleições.”


“Necessário destacar que a Secretaria de Transparência do Senado Federal (STRANS), órgão permanente da Casa, composto por servidores estáveis do quadro efetivo e que está plena atividade, é responsável por dar encaminhamento às resoluções do CTCS. Assim, mesmo na ausência de reuniões, a STRANS vem executando as diretrizes estabelecidas pelos conselheiros na criação do CTCS. Entre essas, destacam-se o Índice de Transparência dos portais Legislativos, o Plano de Dados Abertos do Senado Federal e novo portais de Transparência e de Dados Abertos”, diz trecho da resposta da assessoria.



‘Compromete a implementação de boas práticas de transparência’



A organização não governamental (ONG) Transparência Brasil é um dos integrantes do Conselho do Senado. Marina Atoji, diretora de programas da instituição, avalia que o não funcionamento do Conselho torna o Senado “mais fechado” às demandas da sociedade.


“Compromete a implementação de boas práticas de transparência sobre o processo legislativo, os gastos da Casa e dos senadores e a distribuição de emendas. O grupo poderia, por exemplo, ter atuado na abertura de informações do chamado orçamento secreto”, indica a especialista.



Orçamento secreto



Deputados e senadores utilizaram aproximadamente R$ 1,5 bilhão das emendas de relator do chamado “orçamento secreto” nos anos de 2020 e 2021. Esse valor corresponde a 12,6% do total de emendas de relator que o Congresso informou ter usado nos últimos dois anos, quase R$ 11,8 bilhões.


Em dezembro de 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a inconstitucionalidade do orçamento secreto devido à falta de transparência nas regras do mecanismo para a aplicação e distribuição dos recursos.


O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, foi procurado para comentar o assunto, mas não respondeu à reportagem.



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