Desempenho de veteranos prova que no Brasil o talento não tem idade
O atacante Ricardo Oliveira voltou ao Brasil cercado pela desconfiança por causa da idade. Para renovar o contrato com o Santos, teve que abrir mão de algumas vantagens porque poucos queriam apostar num jogador de 35 anos. Acontece que Ricardo Oliveira calou a boca de todos os descrentes. O jogador fez uma temporada brilhante e acabou como o grande artilheiro do Brasil na temporada. O atacante santista marcou 37 gols na temporada, nove a mais do que o segundo colocado.
No último Campeonato Brasileiro, a supremacia dos atacantes veteranos ficou evidente nos números. Além de Ricardo Oliveira que marcou 20 gols, Vagner Love, Lucas Pratto e Jadson, todos com mais de 30 anos, também brilharam intensamente na competição e marcaram muitos gols. A exceção do grupo de “coroas” com faro de gol ficou por conta de André. O atacante revelado pelo Santos fez bela campanha com a camisa do Sport e reabilitou sua imagem, bastante desgastada nos últimos anos, por sucessivos fracassos.
Na série B, o artilheiro também foi um jogador muito experiente. O atacante Zé Carlos, do CRB, marcou 19 gols e deixou muitos jovens promissores, como Kieza, para trás. No ano passado, Magno Alves, então com 40 anos, foi o artilheiro da segunda divisão.
Parque dos Dinossauros
Durante alguns anos, o México era o principal destino dos jogadores em final de carreira. Experiências mal sucedidas, inclusive com os brasileiros Bebeto e Ronaldinho Gaúcho,e o espanhol Butragueño, em épocas diferentes, levaram o futebol azteca a ser chamado de Parque dos Dinossauros, uma brincadeira para definir o encontro de veteranos. A situação mudou e o Brasil passou a ser o destino de jogadores mais experientes. No ano passado, o meia Kaká e o atacante Robinho fizeram parte dessa leva de veteranos que seguem encantando nos gramados brasileiros. Hoje, em importantes equipes brasileiras, existem jogadores com mais de 30 anos que são muito importantes para seus clubes e reconhecidos pela torcida. Não são mais menosprezados pela idade e sim, reconhecidos pelo talento.
Além dos artilheiros, outros jogadores que já viveram seu auge em outros países ainda seguem jogando no futebol brasileiro com talento e prestígio. e status. São atletas que passaram de seus auges, muitos com a carreira estabelecida entre Europa e Seleção, que voltaram para casa e seguem brilhando de maneira soberana, quase sem concorrência dos mais jovens. Os exemplos são muitos ao longo dessas últimas temporadas.
O meia Zé Roberto, 41 anos, acaba de renovar contrato com o Palmeiras, numa prova da sua importância. Outros veteranos, como o atacante Emerson Sheik, 36 anos, também vão seguir como peças principais da sua equipe. Ele acaba de renovar contrato com o Flamengo porque sua permanência foi pedida pelo técnico Muricy Ramalho.
O meia Nenê, 34 anos, foi o grande nome do Vasco, apesar do rebaixamento para a série B. A partir da entrada de Nenê, a equipe de São Januário passou a ter um ótimo rendimento e só não escapou da queda porque o primeiro turno, sem Nenê, foi desastroso e fundamental para o rebaixamento. Hoje, Nenê é pretendido por vários clubes e ninguém coloca sua idade como obstáculo porque todos têm certeza da sua capacidade em campo. Outros artilheiros experientes como Fred, do Fluminense, e Paolo Guerrero, do Flamengo, seguem como pontos de referência para suas equipes.
O homem que sabe os caminhos do gol
Ricardo Oliveira, artilheiro do Brasil em 2015, tem 35 anos. Ele começou a carreira no Corinthians, mas a falta de oportunidades o levou para a Portuguesa. No clube do Canindé, ele começou a mostrar seu talento de atacante. Em 2002, se transferiu para o Santos e foi fundamental para que o time da Vila Belmiro chegassé à final da Libertadores no ano seguinte. Ele foi artilheiro da competição sul-americana com nove gols e se transferiu para o futebol espanho. Depois de uma passagem sem brilho pelo Valencia, brilhou no Betis. No time de Sevilha, marcou 26 gols em 46 partidas.
Em 2006, Ricardo Oliveira voltou ao Brasil para defender o São Paulo onde teve bom desempenho, o que lhe valeu a contratação pelo Milan, da Itália. Ele atuou dois anos no rubro-negro de Milão e ajudou na conquista da Liga dos Campeões na temporada 2006/2007.
Em 2009, Ricardo Oliveira iniciou sua temporada no futebol árabe. Ele se transferiu para o Al-Jazira, dos Emirados Árabes, que pagou quatorze milhões de euros ao Betis que ainda detinha os seus direitos. Em 2010, teve uma breve passagem pelo São Paulo para disputar a Libertadores.
No início de 2011, Ricardo Oliveira retornou ao Al-Jazira. Na Liga dos Campeões da AFC de 2012 foi o artilheiro com 12 gols. O atacante ainda defendeu o Al-Wasl antes de voltar ao futebol brasileiro. Chegou ainda cercado de desconfiança e assinou contrato com o Santos até o final do Campeonato Paulista. Foi campeão e artilheiro, o que levou o Peixe a acertar outro contrato, embora muitos no clube ainda desconfiassem das possibilidades do veterano jogador.
Suas boas atuações e a confirmação como artilheiro da competição o levaram a ser incluído na seleção dos melhores. Além disso, Ricardo Oliveira ainda voltou a ser convocado para defender a Seleção Brasileira, depois de oito anos de ausência. Na seleção, ele havia conquistado os títulos da Copa América de 2004 e da Copa das Confederações em 2005, comandado por Carlos Alberto Parreira.
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