Documentário registra resgate arqueológico essencial a luta histórica dos povos guarani
O descobrimento de uma canoa à margem de um rio pode parecer algo simples e banal, mas no caso dos Avá-guarani do Tekoha Nhemboetê, o descobrimento desse item à margem esquerda do rio Iguaçu traz força para uma luta pelo direito ancestral de viver em seu território. Isso porque, em 1550, a Ciudad Real del Guayrá foi fundada por espanhóis em território Guarani. Portanto, a existência de indícios arqueológicos como fragmentos cerâmicos e artefatos líticos, e uma canoa indígena, reforça os valores históricos, arqueológicos e etnográficos e paisagísticos da região.
Toda essa descoberta começou em 2018, quando o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) viabilizou o resgate emergencial da canoa identificada dentro da área de tombamento do sítio arqueológico de Cidade Real do Guairá, protegido em nível estadual pelo Governo do Paraná. Os povos guarani foram fundamentais para a preservação dos vestígios da canoa Ygá-Mirî e demais resquícios arqueológicos até que o projeto de resgate fosse viabilizado. Eles acompanharam todo o processo e trabalharam com as equipes de campo.
A ação toda foi documentada por meio de fotografias, mapas, relatos e um videodocumentário que já pode ser conferido no canal do Iphan no YouTube. “As Ava-Guarani lutam pelo seu modo de viver. É preciso mostrar para os outros que ainda estamos aqui”, afirma o rezador guarani Tekoha Y’Hovy no documentário “Ygá Mirî – Resgate emergencial de canoa localizada no sítio arqueológico Ciudad Real del Guayrá”.
Hoje, a maior parte do material arqueológico ainda permanece preservada abaixo da superfície do solo, configurando grande oportunidade de pesquisa.