Em “O Urso”, Chef Carmy prova que trabalho organizado é transformador


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O ator Jeremy Allen, que vive o Chef Carmy e ganhou o Globo de Ouro por esse trabalho
O ator Jeremy Allen, que vive o Chef Carmy e ganhou o Globo de Ouro por esse trabalho| Foto: Reprodução YouTube

Depois de uma brilhante carreira como chef de cozinha em um dos melhores
restaurantes do mundo, Carmy retorna a Chicago, sua cidade, para tentar
recuperar o desastroso restaurante de seu irmão Mike, depois que este decidiu
dar um fim em sua própria vida.

Não foram poucas as vezes que a ficção explorou o chef de cozinha como
um personagem, geralmente numa pegada bem-humorada (Julie & Julia) ou de comédia romântica (Simplesmente Martha), incluindo algumas ocasiões com um arco mais
dramático (Fome de Sucesso). Do ponto
de vista da novidade temática, O Urso
(disponível no Star+) não agrega muito, mas é um produto que funciona muito bem
graças à excelente criação de personagens. A família disfuncional que forma a
equipe do restaurante The Original Beef of Chicagoland é composta por um grupo
de perdedores que se conhecem perfeitamente e aprendem a trabalhar e conviver
juntos.

Um dos aspectos mais valiosos da abordagem é a transformação que os
personagens experimentam graças ao trabalho bem executado. É curioso como a
primeira alavanca de mudança é gerada por um pequeno detalhe: o tratamento de
chef que Carmy e seu ajudante Syd implementam como forma de se orientarem
enquanto cozinham. A partir disso, pouco a pouco, um sentimento de ordem brota
daquele caos. A ação avança combinando o conflito externo comum com a
interioridade de cada pessoa em cena. Carmy (o estupendo Jeremy Allen, ganhador
do Globo de Ouro por esse trabalho) é o cozinheiro estressado, mas também um
cara com problemas de ansiedade que está vivendo o luto pelo suicídio do irmão.
Syd é uma jovem promessa das panelas, com talento para liderar, que estagnou em
seu desenvolvimento, etc. O espectador vai descobrindo as motivações
intrínsecas de todos ali, e alcançando a empatia que os realizadores da série
buscaram.

Quanto à produção, temos uma câmera rápida e violenta (por vezes um
pouco excessiva) que pretende sublinhar o caos, uma boa encenação, e uma trilha
sonora bem escolhida. O resultado final é bastante convencional e um pouco
adocicado, mas deixa um gostinho de quero mais e aguça o paladar para a segunda
temporada, que estreia no Brasil em 23 de agosto (nos Estados Unidos, ela já
está disponível e vem sendo recebida com entusiasmo).

© 2023 Aceprensa. Publicado com permissão. Original em espanhol.



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