Em queda no Brasil, preço da carne bovina dispara na Argentina e população troca bife por frango – Notícias



Depois de cinco anos, os brasileiros estão voltando a comer mais carne bovina, que está mais acessível — o ingrediente acumula queda de 9,8% em 12 meses, segundo o IPCA, índice oficial de inflação medido pelo IBGE. 


Já os vizinhos argentinos passam por situação oposta: o governo anunciou em 14 de agosto uma desvalorização do peso argentino de cerca de 20%. A decisão foi tomada após as primárias, que antecedem as eleições gerais de 22 de outubro. Com isso, os produtos usados na criação de gado — todos em dólares — sofreram aumento. O preço disparou 70% em duas semanas, e o consumo despencou.



Diego Silva sente o impacto da inflação em seu açougue em Buenos Aires: os clientes ajustam o bolso para comprar carne, produto central na dieta argentina, após uma alta nos preços que afeta o consumo.


A Argentina registrou, na quarta-feira (13), a inflação mensal mais elevada em três décadas, 12,4%, com 124,4% em 12 meses. Tudo subiu, mas, principalmente, a categoria de alimentos (15,6%). 


A carne moída comum, que é a mais procurada, subiu, por exemplo, 39,4% em agosto, de acordo com relatório do Instituto Estatal de Estatística (Indec). Outros cortes mais finos também seguem essa linha. 


“As pessoas que não têm dinheiro vêm comprar aos poucos, dia após dia”, disse Silva à AFP, em frente ao estabelecimento, localizado em Mataderos, o histórico “bairro da carne”. Olham muito os preços, vão para o frango, o porco”, acrescenta.


Soledad Nocito, por exemplo, conta que mudou seus hábitos. “Comecei a comprar menos carne vermelha e mais frango. Comecei a substituir”, diz essa professora universitária de 36 anos, que trabalha em dois empregos para sobreviver. “Compro mais verduras (que também subiram) por causa do aumento do preço da carne”, completa.


Para o maior consumidor de carne bovina do mundo — seguido de Uruguai, Estados Unidos, Austrália e Brasil — isso é um problema. Em 2022, o consumo subiu para 52 kg per capita, diz o presidente da Câmara de Indústria e Comércio de Carnes e Derivados (CICCRA), Miguel Schiariti. 



Schiariti estima que o preço continuará a aumentar neste e no próximo ano. Com o fim do fenômeno La Niña e a volta das chuvas, os produtores esperam poder deixar seus animais mais no pasto e controlar o mercado. Devido ao clima, porém, muitos animais morreram, havendo menos vacas prenhes e, consequentemente, menos oferta.


Schiariti não soube estimar quanto a carne bovina pode ficar mais cara nos próximos meses.  Mas uma queda no consumo é certa. “Vamos ter entre 1,3 milhão e 1,5 milhão de bezerros a menos”, e o consumo [de carne bovina] “voltará a cair para 46 ou 47 kg per capita”, similar a 2019 e 2020.


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