Estudo da Fiergs revela que 47 mil indústrias estão em municípios atingidos pelas enchentes
Só com a continuidade das avaliações e a divulgação de novos dados será possível obter uma compreensão mais completa dos impactos, alerta a Fiergs
Um estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) sobre o impacto da catástrofe climática no setor industrial gaúcho mostra que nos municípios afetados – em estado de calamidade pública ou situação de emergência – estão localizadas 47 mil do total de 51 mil indústrias do RS. “As inundações no Rio Grande do Sul revelaram um impacto econômico significativo e abrangente. Os dados destacam a importância de direcionar recursos de maneira eficiente para as áreas mais necessitadas. Mas é fundamental ressaltar que os efeitos desse desastre natural ainda estão em curso. Só com a continuidade das avaliações e a divulgação de novos dados será possível obter uma compreensão mais completa dos impactos e planejar estratégias de recuperação mais eficazes, assegurando que os esforços de reconstrução atendam às necessidades reais das comunidades atingidas”, diz o presidente da Fiergs, Gilberto Petry.
De acordo com o trabalho, foram reconhecidos 78 municípios em estado de calamidade e 340 em situação de emergência. Nestes 418 municípios, estão sediadas 47 mil indústrias, que empregam 813 mil pessoas. As regiões com o maior número de municípios em estado de calamidade foram Vale do Taquari (23), Central (20), Vale dos Sinos (11) e Metropolitana (7). O estudo inclui os principais indicadores econômicos – atividade, quantidade de estabelecimentos industriais, arrecadação de ICMS e exportações – dos municípios e regiões mais importantes atingidos pelas chuvas. Essas variáveis são as principais informações relevantes para a indústria disponíveis que contemplam os municípios afetados pelo fenômeno meteorológico. O estudo também divide o estado em dez regiões econômicas: Metropolitana, Vale dos Sinos, Serra, Serra Centro, Vale do Taquari, Central, Planalto, Missões, Campanha e Sul.
Em relação à atividade econômica, as regiões com municípios em estado de calamidade pública com maior Valor Adicionado Bruto (VAB) – que é o valor que cada setor da economia (agropecuária, indústria e serviços) acresce ao valor final de tudo que foi produzido em uma região – potencialmente afetado eram: Metropolitana (R$ 87 bilhões), Vale dos Sinos (R$ 52 bilhões), Vale do Taquari (R$ 29 bilhões), Serra (R$ 29 bilhões) e Central (R$ 28 bilhões). Em relação ao VAB da Indústria, as regiões com maior atividade industrial potencialmente atingida eram: Vale dos Sinos (R$ 19 bilhões), Vale do Taquari (R$ 14,6 bilhões), Metropolitana (R$ 11,4 bilhões) e Serra (R$ 9,9 bilhões). Apesar de representarem apenas 15,7% dos municípios do Rio Grande do Sul, as cidades em estado de calamidade possuem uma alta representatividade econômica no Estado, especialmente no setor industrial: 50,7% do VAB do RS, 57,1% do VAB industrial, 48,1% dos estabelecimentos industriais, 52,7% dos empregos industriais, 65,6% das exportações da indústria e 56,3% da arrecadação de ICMS com atividades industriais.
Já na Indústria de transformação, mais de 50% da massa salarial dos segmentos estão em municípios em estado de calamidade. Ramos com grande representatividade na massa de salários do Rio Grande do Sul se encontram nessas regiões: alimentos (R$ 190 milhões nos locais em calamidade), máquinas e equipamentos (R$ 162 milhões) e produtos de metal (R$ 128 milhões). Essas cidades concentram quase a totalidade da produção de tabaco (99,8%) e de farmoquímicos e farmacêuticos (93,1%) do Rio Grande do Sul. O cenário de calamidade influenciou no sentimento do industrial gaúcho. Em maio, a pesquisa de Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI-RS) divulgada pela FIERGS teve a sua maior queda desde novembro de 2022 e atingiu o menor nível desde junho de 2020: 44,4 pontos, 6,1 a menos que em abril. As expectativas com relação ao futuro das empresas, que até então sustentavam o otimismo e a confiança da indústria gaúcha, foram as mais impactadas. O índice de expectativas das empresas desabou dez pontos, de 57,7 para 47,7, menor valor desde maio de 2020, voltando ao campo pessimista pela primeira vez desde novembro de 2022.