Europeus vão ser mais “flexíveis” para fechar acordo com o Mercosul, diz embaixador



O embaixador da União Europeia no Brasil,
Ignacio Ybañez, disse que os países que formam o bloco comercial pretendem ser
mais “flexíveis” para concretizar o acordo com o Mercosul, que foi fechado em
2019 mas está travado por novas exigências dos europeus.

Entre estas exigências estão restrições a produtos supostamente oriundos de áreas desmatadas e a compras governamentais que poderiam ser disputadas pelos parceiros do bloco em pé de igualdade com empresas locais.

As duas exigências, enviadas em uma side letter no primeiro semestre, se tornaram um ponto de discórdia e de fortes críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) inclusive perante chefes de estado, como ocorreu recentemente durante a Cúpula sobre o Novo Pacto Financeiro Global, em Paris.

“Nós vamos ser flexíveis. Para nós, o acordo é muito mais importante do que as compras públicas, que pequenos detalhes que podem se fechar ao final da negociação. O acordo é uma aposta mirando para o futuro e pensamos que as duas partes ganham. Se não ganhamos em tudo, já buscaremos uma certa compensação olhando pra frente”, disse Ybañez em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo publicada nesta terça (25).

O representante europeu no Brasil considerou legítimas as críticas de Lula aos termos firmados no acordo por outros presidentes, e que a única pendência após 2019 era referente às exigências ambientais. Isso, no entanto, não fecharia as portas para as compras públicas – “pode ser que coisas que os países do Mercosul peçam sejam boas e possamos aceitar”, concluiu.

Quanto às questões ambientais, que Lula
considera as sanções como uma ameaça, Ybañez negou e disse que o aditivo só foi
apresentado neste ano porque não havia “ambiente” durante o governo anterior. A
entrega do Ministério do Meio Ambiente a Marina Silva, diz, sinalizou um novo
caminho.

“Não é verdade que estivemos esperando a chegada
do presidente lula e apresentamos a ele documento que era pensado para o
governo anterior. O documento é para o futuro, porque o acordo vai pra frente”,
concluiu.

Lula é presidente temporário do Mercosul até o
fim do ano, e pretende concretizar o acordo com a União Europeia ainda neste
semestre. Além dele, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, também ocupa
o cargo no bloco europeu e já sinalizou a mesma intenção.

Durante a reunião da 3ª Cúpula União Europeia-Celac, realizada na semana passada, os representantes europeus também indicaram essa possibilidade, e uma nova reunião de negociação está marcada para agosto, em que o Mercosul vai apresentar uma contraproposta às restrições do bloco.



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