Ex-subsecretária de inteligência do DF é citada em conversa entre ex-membros da Abin – Notícias



A ex-subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSPDF) Marília Ferreira de Alencar — convocada a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro nesta terça-feira (12) — foi citada em troca de mensagens sobre o planejamento dos atos extremistas entre ex-membros da cúpula da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A conversa está à disposição do colegiado, que pode embasar perguntas a partir desse conteúdo. 



Nas mensagens a que o R7 teve acesso entre o ex-diretor-adjunto Saulo Cunha e o ex-secretário de Planejamento e Gestão Leonardo Singer, ambos da Abin, Cunha pede ao subordinado que repasse a Marília as informações sobre a saída de ônibus vindos de Goiânia para Brasília em que os manifestantes estariam “trazendo ao menos quatro pés de cabra”. O pedido foi feito às 7h51 do dia 7 de janeiro.


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Na época das invasões, Marília era responsável pelo planejamento e pela execução das operações de inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, órgão ao qual compete a produção e a difusão de conhecimentos de ameaças reais ou potenciais, além de ações de prevenção e repressão nos níveis estratégico, tático e operacional.


Pelo diálogo entre os ex-membros da Abin, ela também teria recebido um “sumário de ameaças” de ataques e manifestações violentas. Singer era o responsável por repassar as informações, mas Cunha solicitou o contato direto da ex-subsecretária. “É só para abrir o canal. Mas você continua falando e passando nosso material, ok?”, justificou o ex-diretor, que em seguida disse haver “um temor de que as forças do GDF farão corpo mole” em razão da “volta da turma” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). 



Antes de assumir cargo na Secretaria de Segurança do DF, Marília foi diretora de Inteligência do Ministério da Justiça na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e é apontada como a responsável por elaborar um mapa das regiões onde havia a concentração de votos no primeiro turno da eleição de 2022 para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O mapa teria sido usado pelo ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques, preso por suspeita de uso da máquina pública para interferir no processo eleitoral do ano passado.


Tanto na função de ex-subsecretária de Inteligência no DF quanto como diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, Marília era subordinada a Anderson Torres, ex-secretário de Segurança Pública e ex-ministro da Justiça na gestão de Bolsonaro. Torres foi preso em janeiro e solto provisoriamente em maio, por suspeita de omissão em relação aos atos extremistas. 


Depoimentos anteriores


Em março, Marília prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal e afirmou que as forças de segurança da capital foram informadas sobre a vinda de manifestantes para Brasília às vésperas do 8 de janeiro. Na ocasião, ela afirmou que o trabalho de inteligência feito às vésperas e no próprio dia 8 de janeiro foi bem executado e defendeu a inteligência da Polícia Militar do Distrito Federal.



Na oitiva, ela ainda disse que as autoridades recebiam informações sobre os ânimos no acampamento inclusive no dia da invasão. Por outro lado, disse não poder opinar sobre a atuação e o efetivo usado pela PM no dia dos atos de vandalismo.


Já à Polícia Federal, Marília prestou depoimento para esclarecer informações sobre a interdição nas rodovias durante o segundo turno das eleições do ano passado. Ela disse aos investigadores que o levantamento que mostra onde Bolsonaro e Lula tiveram mais votos no 1º turno da eleição foi feito para analisar supostos indícios de compra de votos.


Marília deve ser questionada pela atuação tanto à frente da inteligência do DF quanto no Ministério da Justiça, durante a gestão de Bolsonaro. 



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