Exoesqueleto testado por senadora nos EUA será usado em SP; veja como vai funcionar – Notícias



A Rede Lucy Montoro, centro público de referência no atendimento a pessoas com deficiência e doenças incapacitantes, vai começar a utilizar o exoesqueleto Atalante, testado pela senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), em abril, nos Estados Unidos. Ele permite que pessoas com paralisia fiquem em pé, com os braços livres, e se movam multidirecionalmente. As duas unidades foram adquiridas por 200 mil dólares (cerca de R$ 1 milhão).



Segundo a Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, que administra a rede de atendimento, os equipamentos devem estar disponíveis a partir de julho.  


Em maio, por meio da Rede Lucy Montoro, o governo paulista firmou parceria para pesquisa científica e tecnológica de exoesqueletos robóticos com a empresa francesa Wandercraft, que produz a máquina. O acordo visa o desenvolvimento de estudos e avaliações do uso da tecnologia, para auxiliar na reabilitação de pacientes.


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“Imagine: a pessoa vai vir para cá para ter a experiência de caminhar novamente. Ela estará trabalhando o corpo, que vai começar a funcionar melhor, trabalhando o cérebro e a autoestima”, afirmou o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), no evento em que anunciou a aquisição, no último dia 22, na comemoração dos 15 anos de funcionamento da Rede Lucy Montoro.


Com o equipamento, pacientes com paraplegia ou em processo de reabilitação após AVC (acidente vascular cerebral) poderão se movimentar com o auxílio do robô acoplado ao corpo. Segundo informações do governo, o exoesqueleto tem um sistema de controle do centro de gravidade do usuário, que oferece mais equilíbrio e permite a programação de acordo com objetivos, como sentar, levantar, andar para a frente, de costas e de lado, além de subir e descer degraus.


“A busca por devolver a condição de marcha para pessoas com lesões medulares, com AVC, com Parkinson, com paralisia cerebral é muito antiga. E agora esses equipamentos vêm surgindo como alternativas”, falou Linamara Rizzo Battistella, presidente do conselho diretor do IMRea (Instituto de Medicina Física e Reabilitação) do HC (Hospital das Clínicas) da USP (Universidade de São Paulo).



Ela conta que, no início da parceria, o robô será destinado, especialmente, ao treinamento de pacientes com lesão medular, Parkinson e AVC na Rede Lucy Montoro. “Não é que eu tiro o indivíduo da lesão e já coloco no robô, ele precisa passar por um grande processo de readequação física. [usar o robô] É o estágio final, a coroação.”


Conforme a médica, uma das vantagens do equipamento em relação a outros que já existem no mercado é a capacidade de poder se adaptar a diferentes perfis de pacientes, além de ser mais leve e ter ajustades a alturas e pesos variados.


Diferentemente do Atalante, os exoesqueletos que já existem no Brasil não são modulares e, por isso, não podem ser adaptados a todos os pacientes. Pelo alto custo, acabam ficando restritos a centros especializados e limitados aos trabalhos de reabilitação, que não é contínuo.


Uso em atividades diárias


A expectativa é de que, no futuro, os pacientes possam ter seus próprios exoesqueletos de última geração, e contem com eles para fazer parte das tarefas domésticas cotidianas, como acontece hoje com as cadeiras de rodas e bicicletas ergométricas. Por enquanto, ainda há o obstáculo do alto custo dessa tecnologia.


“Vai servir para fazer o treinamento em casa, mas também para realizar as atividades da vida diária. O fato de conseguir se levantar, pegar um utensílio em um armário alto, levantar-se e ir até o banheiro, deslocar-se até a cozinha para preparar uma refeição terá impacto enorme na independência. O horizonte é esse”, disse Linamara.


Exoesqueleto para atletas


Com o avanço dos estudos e testes com o exoesqueleto, a Rede Lucy Montoro também espera trocar informações com a empresa francesa para aprimorar e expandir o uso do robô. 


Pensando em ampliar as aplicações, o Centro Paralímpico Brasileiro também entrou na parceria, por entender que a pesquisa sobre o uso do exoesqueleto pode beneficiar os atletas, não apenas por melhorar os métodos de treinamento e performance, mas também pela possibilidade de  explorar novos limites da máquina. Para Linamara, espera-se que, no futuro, o estado de São Paulo possa produzir seus robôs.


O teste de Mara Gabrilli


A senadora do PSD-SP conheceu o exoesqueleto Atalante em abril deste ano, durante uma viagem aos EUA, e ficou animada para trazer a tecnologia ao Brasil. Na época, ela publicou um vídeo nas redes sociais, em que aparece experimentando a novidade: “Não sou a mesma pessoa depois de testar esse equipamento”, escreveu.


A máquina foi desenvolvida pela startup francesa Wandercraf. Ela funciona como um exoesqueleto robótico, isto é, um esqueleto artificial que é utilizado externamente, colado ao corpo da pessoa, para dar suporte e permitir que ela consiga reproduzir movimentos. A principal inovação é que dispensa o uso de andadores: tem um sistema de controle de equilíbrio que permite maior estabilidade.


Mara Gabrilli, de 55 anos, é tetraplégica desde 1994, quando sofreu um acidente de carro. Ficou conhecida por defender os direitos das pessoas com deficiência e dar visibilidade a esse grupo.




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