Fisioterapeu explica o que é enxaqueca pélvica e como tratá-la


Você sabia que a enxaqueca pode estar ligada diretamente à região pélvica? Sim, em alguns casos, esse problema, que acomete milhares de mulheres, podem estar relacionado ao desequilíbrio da pélvis. Porém, com o tratamento adequado é possível reverter o quadro. E é aí que entra o trabalho de Márcia Oliveira, Doutora em Ciências de Saúde, fisioterapeuta pélvica e terapeuta sexual. “A fisioterapia pélvica vai identificar a origem da causa da dor na região – que pode ser uma endometriose, como foi o caso da cantora Anitta. Essa dor não tratada pode ser somatizada e causar a enxaqueca, entre outros problemas. O que a fisioterapia faz é localizar o problema para se retirar a dor local, soltando a musculatura do entorno”, explica Márcia.


(Foto/Reproduçao)


Com foco na saúde íntima e no autocuidado da mulher – já com mais de 4.000 mulheres atendidas – e disposta a democratizar a informação e o acesso à saúde feminina, Márcia Oliveira é expert quando o assunto é sexo e fisioterapia pélvica.

No seu trabalho são abordados temas como vibradores dentro e fora do relacionamento, despertar dos sentidos no sexo, enxaqueca pélvica, virilha escura (prevenção) e até os cuidados com o assoalho pélvico na gestação após os 50 anos, como aconteceu com Claudia Raia– em que a fisioterapia pélvica aqui entra para manter em dia bom funcionamento da região.

Conectada ao mundo digital e sucesso nas redes sociais, Márcia está à frente do Podcast “Sexpod”, em que recebem convidados para debater temáticas envolvendo sexo e saúde feminina, tudo sempre de forma leve e divertida.

Cheia de novidades, ela se prepara para lançar o seu livro “Da Dor ao Prazer”, pela editora Ediouro, no próximo ano. Na obra ela traz relatos das pacientes mulheres que são acometidas de dor durante a relação sexual e ensina como reverter esse quadro.


(Foto/Reproduçao)


O que é a enxaqueca pélvica?

Enxaqueca pélvica são dores ou perturbações tensionais, que incluem um ou mais sintomas como dor genital, retal, ou abdominal, podendo ter aumento desses sintomas ao sentar, durante ou após o ato sexual, e podem acompanhar sintomas disfuncionais de frequência urinária aumentada, ou mesmo diminuída, hesitação ao urinar, constipação, e até limitação de mobilidade. Manifesta-se de forma crônica e progressiva, levando a sofrimento e diminuição da qualidade de vida. A característica dessa dor é descrita, algumas vezes, como pontadas, fisgadas, queimação, ardência, tendo um quadro neural, podendo até irradiar para outras áreas. A enxaqueca pélvica é descrita na literatura também como uma dor pélvica crônica, mas quando descrevemos os sintomas os pacientes compreendem melhor como um quadro de enxaqueca, já que a percepção dessa tensão dos músculos só ocorre quando há intervenção da fisioterapia.

Quais são as causas da enxaqueca pélvica?

Inúmeras causas podem estar relacionadas indiretamente com esse quadro clinico, causando a enxaqueca crônica. Na maioria das vezes, os exames clínicos podem parecer absolutamente normais, não correspondendo aos sintomas apresentados. O que esses pacientes apresentam em comum da dor tensional, são longos períodos sentados e baixa qualidade de consciência da região intima.  Mas casos de endometriose, traumas cirúrgicos e até lesões após o parto podem ser a causa primária. Ou seja: disfunções na região da cintura pélvica podem acometer o funcionamento dessa área, levando à sintomas tensionais, ou o inverso também ocorre

Existem sintomas que podem ser identificados como a enxaqueca pélvica?

Na mulher, os sintomas de dor costumam se manifestar na atividade sexual, sendo também frequente alterações na eliminação de fezes e urina. A musculatura da cintura pélvica tem semelhanças com a da outra cintura, a escapular, e em ambas temos a características de acumular tensões e emoções, sendo comum termos a percepção de tensão nos ombros, mas não é evidente para a maioria das pessoas, as tensões na região da pelve.

Quais são os tratamentos para a enxaqueca pélvica?

Como é um quadro de dor neurológica e crônica, os tratamentos ofertados podem ser para o manejo dos sintomas, como anti-inflamatórios e ou fármacos para essa finalidade. Porém, a melhora do quadro se torna efetiva após a identificação das causas primarias, visando à sua solução. Uma terapêutica importante nesses casos é sempre a educação do paciente no manejo da dor, visando a melhora dos músculos do pavimento pélvico, com redução das tensões envolvidas e priorizando as funções de eliminação de urina e fezes e a melhora da função sexual. Ou seja: o conhecimento das funções da pelve e dos seus músculos, a compreensão do controle dessas funções e desses músculos fundamentais para um tratamento eficaz.

Em quanto tempo há a reversão do quadro?

É variável, pois depende tanto da paciente como do cuidador, sendo, às vezes, necessário a adequação na mudança no estilo de vida, além dos tratamentos realizados e apoio psicológico. Algumas mulheres podem apresentar melhora em poucas semanas, pois a compreensão dos fatores provocadores e mudança comportamental já causam um grande impacto”.

Existem outros problemas causadores para o desequilíbrio da região pélvica?

Alterações de sono, do humor, dores tensionais em outras partes do corpo e limitação das atividades de vida diária.

Tem uma faixa etária para maior incidência da enxaqueca pélvica?
Mulheres em idade reprodutiva podem apresentar sintomas com mais frequência e estas também estão mais suscetíveis ao estresse do mercado de trabalho, mas a menopausa também pode ser um fator que predisponha a presença desses sintomas, já que mulheres na menopausa podem apresentar fraqueza de musculatura pélvica e assim surgirem tensões compensatórias.

Qual é a prevenção à enxaqueca pélvica?

Um estilo de vida saudável pode ser visto como uma opção de prevenção. Com fatores estressantes no dia a dia, os músculos do pavimento pélvico podem ficar tensionados e desenvolver essa enxaqueca. Eu destacaria conhecer seu corpo, movimentar-se, beber água, dormir bem e evitar ficar sentada por longos períodos.

Foto Destaque: Reprodução





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