Fundo formado por famílias investe na expansão do seguro agrícola


O setor vem registrando aumento na demanda devido à estiagem das duas últimas safras e tem, como principal consequência, a escassez de oferta e de recursos

Inovadora na comercialização de produtos como insumos e grãos pelo modelo de venda direta, a catarinense Produce amplia suas operações e ingressa, agora, no setor de serviços. Desde o início de dezembro, ingressou no ramo de seguros agrícolas, fruto de parceria com a Agrotech, corretora especializada em seguros agrícolas com sede em São Paulo e rede de atendimentos em oito estados. O setor vem registrando aumento na demanda devido à estiagem das duas últimas safras e tem, como principal consequência, a escassez de oferta – e de recursos. Produtores, principalmente do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul passaram a encontrar menor oferta no mercado e com condições diferentes dos anos anteriores.

Guilherme Trotta, diretor e cofundador da Produce, ressalta que as quebras de safra resultaram em perdas bilionárias à agricultura de diversos estados, provocando um acionamento histórico do seguro agrícola. “Nossa parceria oferece capilaridade e dissolução do risco. Ao fechar contratos em todo o país a seguradora dilui o risco, pois as quebras de safra são pontuais. No ano passado, enquanto o Rio Grande do Sul amargou perdas de 40% na produção de soja, o Mato Grosso colheu a maior safra da história”, exemplifica. Segundo dados da Superintendência de Seguros Privados (SUPEP), nos últimos cinco anos os eventos predominantes foram seca (73,99%), seguida por geada (11,81%) e granizo (8,09%).

O anúncio do novo negócio consolida o projeto de expansão da Produce no cenário nacional, após um aporte de investimentos de R$ 100 milhões captados de um family office – fundo formado por famílias de alto poder aquisitivo para investimentos no mercado, especialmente em inovação e tecnologia. A empresa tem sede em Chapecó (SC).

A proteção para os investimentos do produtor rural contra perdas nas lavouras será oferecida, a partir de dezembro, com uma força de vendas espalhada por 23 estados e no Distrito Federal. A aposta é no modelo porta a porta como já ocorre com o portfólio de produtos, que hoje conta com mais de cem itens, em 14 categorias, como sementes de soja, milho, feijão, trigo e sorgo, fertilizantes, adjuvantes, biológicos, linha de nutrição animal, pastagens, organominerais e acessórios.

Paulo Danilo Criveli, sócio da Agrotech, ressalta que o seguro agrícola garante cobertura contra eventos como secas, granizos, geadas, chuvas excessivas e vendavais. “A única ferramenta que não está na mão do agricultor é o clima. Se a lavoura tiver problemas por conta de intempéries, nós atuamos junto às seguradoras parceiras para que ele obtenha a indenização. Quem tem seguro está dormindo tranquilo porque sabe que, pelo menos as contas, ele vai pagar”.

Atualmente, 86% do negócio de seguro agrícola está concentrado em grãos como soja, milho e trigo. Mas somente 22% da área plantada no Brasil tem seguro agrícola, enquanto os outros 78% estão descobertos. “Eu penso que ele deveria ser considerado um insumo e não uma despesa. Se o produtor, mesmo capitalizado, tiver uma frustração na safra, ele vai se descapitalizar de alguma maneira. E o que não é capitalizado e depende de empréstimo, financiamento ou custeio, a ocorrência de uma intempérie deixá-lo com o nome negativado e sem acesso a crédito na próxima safra. Nossa parceria quer manter o produtor ativo, plantando todos os anos e com acesso a crédito”, acrescenta Criveli.



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