Futuro presidente do IBGE, Pochmann critica Congresso e Banco Central



O futuro presidente do IBGE, o economista Marcio Pochmann, criticou a atuação do Congresso Nacional na representação popular e na aprovação e manutenção da autonomia do Banco Central, em que o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) já adiantou que não será revista.

Pochmann foi indicado ao cargo de presidente do IBGE por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sem consulta à ministra Simone Tebet, do Planejamento, a que o instituto é subordinado.

As críticas foram dadas neste sábado (29) durante uma live do Grupo Prerrogativas em que comentou diversos temas da economia brasileira. Pochmann já se mostrou contrário a várias medidas adotadas pela autoridade monetária, como o PIX e, mais atualmente, à taxa básica de juros.

Segundo o economista, o Banco Central brasileiro
é uma “caixa-preta” que toma decisões políticas e que deveria ter a autonomia
reavaliada pelo Congresso. Pochmann afirma que há estudos do Banco Mundial que
afirmam que países onde os bancos centrais são autônomos tem uma maior
desigualdade.

“Porque o Banco Central autônomo mantém a taxa
de juro independente da vontade nacional diante de um pressuposto teórico que
vai alimentar decisões que, de certa maneira, são muito contrárias ao censo
comum”, disse.

Ainda segundo Pochmann, este cenário seria ainda mais agravado, no caso brasileiro, por uma “postura política que faz questionar, inclusive, até que ponto a direção, especialmente o seu presidente, estão associados ao que aconteceu nas eleições de 2018”. “Uma forma constrangedora”, afirmou em referência à taxa de juros em 13,75% frente a uma inflação perto de 3%.

De acordo com Marcio Pochmann, o Congresso deveria rever a autonomia do Banco Central principalmente pelo não cumprimento das metas de inflação, problemas na contabilidade da instituição – em referência às supostas inconsistências contábeis de R$ 1 trilhão apuradas no balanço de 2019 –, entre outros.

“É uma caixa-preta, não há transparência, não há
informações”, ressaltando que a autoridade monetária deveria prestar
informações ao Senado e ao governo, e que é formado por agentes do mercado
financeiro que “representam uma parte muito pequena da atividade econômica do
país”.

“Tem, obviamente, problemas estruturais e
conjunturais que o Congresso Nacional, pelo menos, deveria ter uma postura
adequada”, completou.

A autonomia poderia esbarrar, no entanto, no
próprio Congresso que já adiantou não estar disposto a rediscutir decisões
tomadas no passado. Além da própria posição de Pochmann, que classificou a
composição do Legislativo como “não muito própria para representar a base da
pirâmide social”.

A fala ocorreu em referência à reforma tributária, que já foi aprovada pela Câmara dos Deputados e será analisada pelo Senado na volta do recesso parlamentar, em agosto. “É um tema árduo”, explicou.



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