Governo cogita imposto de 20% sobre compras on-line de até US$ 50
O Ministério da Fazenda admite retomar a cobrança do Imposto de Importação (II) sobre as compras de até US$ 50 (cerca de R$ 243 pela cotação desta quinta) feitas em sites do exterior. Elas passaram a ter isenção no dia 1°. A possibilidade da tributação foi passada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a parlamentares nesta quarta (9), informou o portal Metrópoles.
Segundo o Valor, o ministério estuda a possibilidade de criar, ainda neste ano, uma alíquota II sobre essas remessas de 17% a 20% sobre o valor total da compra.
A ideia do governo é iniciar a cobrança entre o fim de setembro e outubro. Dependendo da reação dos consumidores, a alíquota seria elevada em etapas até dezembro, caso houver ambiente político para isso.
A questão ainda não foi decidida, mas é encarada como uma
forma de buscar um equilíbrio entre a carga fiscal da indústria nacional e dos
players estrangeiros. A Fazenda disse que “prosseguem as negociações quanto a
futuros ajustes na alíquota federal”.
Lula pediu isenção a compras em abril
O assunto é alvo de idas e vindas desde abril, quando Haddad anunciou a ideia de eliminar a isenção de impostos sobre remessas internacionais com valor inferior a US$ 50. Válida para envios entre pessoas físicas, o beneficio estaria sendo usado indevidamente para sonegação de impostos no comércio de varejistas, principalmente chinês, realizado por meio de plataformas digitais.
Na ocasião, o ministro da Fazenda disse que o combate a esse
tipo de fraude possibilitaria elevar a arrecadação em até R$ 8 bilhões por ano.
A medida despertou críticas de consumidores e reverberou no
Palácio do Planalto. No mesmo mês, o
ministro voltou atrás após um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), que disse que a questão teria de ser resolvida administrativamente,
com reforço da fiscalização
Nova regra formalizada em junho e entrou em vigor em agosto
Uma nova regra foi formalizada em junho, com o governo assegurando
a isenção do Imposto de Importação para encomendas de até US$ 50 ou o equivalente
em outra moeda estrangeira. A medida agradou empresas como AliExpress, Shein e
Shopee.
A isenção é valida apenas para empresas de comércio eletrônico que aderirem ao programa Remessa Conforme, da Receita Federal. O objetivo, segundo o governo, era “conferir maior agilidade e previsibilidade ao fluxo de comércio exterior e promover o cumprimento da legislação tributária e aduaneira”.
As regras passaram a valer a partir do dia 1°. As empresas têm de recolher o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), com alíquota de 17% fixada pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz).
Quem se enquadrou no programa tem de cumprir uma série de
requisitos:
- Fornecimento de informações para a Declaração de
Importação de Remessa (DIR) antecipada à chegada no país; - Recolhimento dos impostos antes da chegada da
mercadoria ao país; - Estar em conformidade com a legislação
tributária e aduaneira, combatendo o descaminho e o contrabando; e - Monitoramento de vendedores cadastrados.
O programa também determinou que o vendedor informasse ao
consumidor a procedência dos produtos e o valor total da mercadoria com a
inclusão dos tributos. Também foi mantida tributação simplificada para encomendas
até US$ 3 mil.
As que não aderissem ao programa teriam de recolher o Imposto
de Importação de 60%, com a declaração e eventual pagamento do tributo
ocorrendo antes da chegada da mercadoria.
Medida foi alvo de críticas pela indústria e varejo
A isenção foi duramente criticada por entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). Os presidentes das duas entidades, Robson Andrade e Jorge Gonçalves Filho, se reuniram com Haddad para entregar um estudo com os potenciais efeitos da medida.
O levantamento sinalizava 2,5 milhões de demissões até o final do ano. As entidades solicitaram a taxação das compras de até US$ 50 para evitar perdas à economia. Andrade disse a Lula, no dia de reativação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), que a medida trabalha contra a indústria brasileira – pequena, média e microindústria.