Governo Lula prevê alta de 1,6%, com juro alto e supersafra
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) divulgou nesta sexta-feira (17) sua primeira projeção oficial para o desempenho da economia brasileira em 2023. Segundo boletim publicado pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, a expectativa é de um crescimento de 1,61% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, abaixo dos 2,9% registrados em 2022.
A projeção representa uma queda de quase meio ponto porcentual em relação à projeção anterior da SPE para 2023, feita em novembro, ainda no governo de Jair Bolsonaro. Na ocasião, a expectativa para o crescimento econômico neste ano era de 2,1%.
Segundo o Boletim Macrofiscal da SPE, uma das principais razões para a revisão é o efeito dos juros sobre a atividade econômica, que teria sido subestimado anteriormente. Pelo lado positivo, a nota destaca a safra recorde de grãos esperada para este ano e a recuperação da indústria extrativa mineral, graças à retomada do crescimento na China.
“A redução de 0,49 p.p. no PIB em 2023 levou em consideração os indicadores econômicos divulgados desde a última grade, que seguiram mostrando arrefecimento na margem, e os efeitos defasados mais intensos da política monetária sobre a atividade e mercado de crédito do que o anteriormente projetado”, diz o texto da equipe econômica. “As perspectivas de liquidez reduzida nos EUA e em outras economias também colaboraram para a revisão da projeção anterior.”
Entre os “vetores positivos”, além da supersafra e da indústria extrativa, a nota da SPE elenca “medidas de proteção social” que podem ajudar o setor de serviços, como o aumento real do salário mínimo, o aumento da faixa isenta de Imposto de Renda, os novos benefícios do Bolsa Família e também o programa de renegociação de dívidas Desenrola, que ainda será lançado.
“Vale notar ainda a extensão dos prazos de carência e de contratação do PEAC-FGI e Pronampe, que podem amenizar o impacto da liquidez reduzida nas micro, pequenas e médias Empresas. Para a indústria de construção, novo impulso deve vir com a retomada do programa Minha Casa, Minha Vida”, afirma o texto.
Governo está mais otimista que mercado e organismos internacionais
Apesar da redução em relação à expectativa anterior da SPE, a projeção atual para o PIB de 2023 é mais otimista que as previsões do mercado financeiro e organismos internacionais. A expectativa mediana dos economistas consultados semanalmente pelo Banco Central chegou a 0,89%, após quatro semanas em alta.
Nesta sexta-feira (17), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) reduziu sua projeção para o PIB brasileiro em 2023 de 1,2% para 1%. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional (FMI) havia feito o oposto, elevando sua estimativa de 1% para 1,2%.