Governo vai adotar tecnologia para tentar evitar gastos extras em obras do Novo PAC
O Ministério do Desenvolvimento Industrial,
Inovação, Comércio e Serviços (MDIC) anunciou na segunda (31) a retomada do uso
de uma tecnologia que visa reduzir custos e o tempo de conclusão de grandes
obras públicas nas áreas de habitação, mobilidade e infraestrutura a partir do
ano que vem.
A chamada Estratégia Nacional de disseminação do BIM (Building Information Modelling, ou “Modelagem da Informação da Construção” em tradução livre) vai adotar um conjunto de tecnologias e processos integrados que permite a criação, utilização e atualização de modelos digitais colaborativos durante todo o ciclo de vida da construção. O sistema será utilizado nas obras do Novo PAC, que será lançado no dia 11 de agosto, e do Minha Casa Minha Vida.
Segundo o MDIC, o uso da tecnologia traz
benefícios como a melhoria da qualidade do processo construtivo, antecipando a
detecção de interferências físicas e funcionais, e evitando desperdícios de tempo,
custo e materiais. Já há projetos utilizando o BIM, como as obras de reforma e
ampliação de cinco aeroportos brasileiros, com investimento aproximado de R$
260 milhões sem nenhum termo aditivo por falhas em projeto; e de uma escola
municipal em Santa Catarina, finalizada um ano antes do previsto.
Uallace Moreira, secretário do MDIC, diz que o
método vai impactar diretamente o setor da construção civil, que gera cerca de sete
milhões de empregos e desempenha um papel fundamental na inovação,
sustentabilidade e transição estratégica.
“Tem um efeito extraordinário em toda sua cadeia,
que possui um importante papel tanto na inovação, como na sustentabilidade e na
transição estratégica, como demonstra o próprio BIM”, disse.
Através da retomada da Estratégia BIM BR, o governo federal pretende revisar os indicadores e metas estabelecidos em 2018 e lidera a articulação com a Casa Civil e diversos ministérios para integrar o novo Comitê Gestor do programa. A expectativa é lançar o edital até o mês de outubro.
O uso do BIM é incentivado pela nova legislação
de licitação e contratos (lei 14.133/2021), que prevê sua preferência em
licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura sempre que adequado
ao objeto da licitação.
“Nas licitações de obras e serviços de
engenharia e arquitetura, sempre que adequada ao objeto da licitação, será
preferencialmente adotada a Modelagem da Informação da Construção (Building
Information Modelling- BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou
mais avançados que venham a substitui-la”, cita a legislação.
Outra vantagem é a capacidade de simular a
pegada de carbono em cada projeto, contribuindo para políticas de
descarbonização na construção civil e permitindo soluções de construção
industrializada, off-site e modular, que reduzem as emissões de gases do efeito
estufa.
Para impulsionar o desenvolvimento de
tecnologias relacionadas ao BIM e capacitar mão de obra, a Estratégia BIM BR
busca criar condições favoráveis, incluindo a participação do Ministério da
Educação (MEC) no Comitê Gestor.
O governo acredita que a adoção do BIM impulsionará a indústria da construção e abrirá novas oportunidades de mercado no Brasil.