Haddad é “corresponsável” por greve na Receita, diz Unafisco



A Unafisco Nacional, que representa os auditores da Receita Federal, afirmou nesta segunda-feira (17) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é “corresponsável” pela greve dos servidores do órgão. A entidade apontou que Haddad “priorizou outras áreas sob sua gestão, ignorando demandas da Receita” e “alimentou a revolta dos auditores fiscais”.

Em nota, a associação disse que a “gota d’água” para a categoria entrar em greve foi o reajuste de 19% nos próximos dois anos para a Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN), “enquanto os auditores tiveram seu vencimento básico congelado”.

“Esse tratamento desigual foi a ‘gota d’água’ para a greve, já que os auditores consideram seu trabalho tão estratégico quanto o da PFN”, diz o comunicado. A Unafisco informou que delegados das principais Regiões Administrativas da Receita aderiram à greve, “paralisando 80% do comércio exterior, ampliando crise fiscal e de imagem do governo”.

A entidade destacou que esta é a segunda greve em menos de um ano, representando um “cenário inédito que expõe falhas estruturais na gestão da RFB”.

Para a Unafisco, a mobilização “evidencia uma crise de governança na RFB, com reflexos diretos na recuperação econômica e com potencial para desgastar ainda mais a imagem do governo que sofre com baixa aprovação popular”.

Segundo a nota, uma paralisação similar em 2024 causou perdas de R$ 3 bilhões em seis meses. A Unafisco divulgou o impacto da greve até o momento:

  • Arrecadação federal: A greve travou R$ 15 bilhões em transações tributárias pendentes desde 2024, além de interromper julgamentos no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), que envolvem R$ 51 bilhões em disputas fiscais.
  • Projeções em risco: O governo projetava arrecadar R$ 31 bilhões com transações tributárias em 2025, mas o histórico de 2024 – quando apenas R$ 5,4 bilhões foram captados – reforça o ceticismo.
  • Comércio exterior paralisado: Mais de 500 mil remessas de importação e exportação estão retidas, com atrasos de até 30 dias na liberação de cargas em aeroportos como Guarulhos e Viracopos. Setores como farmacêutico, automotivo e agronegócio são os mais afetados.

De acordo com a Unafisco, delegados e auditores adjuntos das 8ª (São Paulo), 7ª (Rio de Janeiro e Espírito Santo) e 6ª (Minas Gerais) Administrações Regionais da RFB notificaram formalmente os superintendentes sobre a suspensão de atividades críticas.

“Em cartas, afirmaram que entraram em modo de obrigações funcionais mínimas, interrompendo a emissão de Termos de Declaração de Procedência Fiscal (TDPF) – etapa inicial de fiscalizações – e paralisando reuniões administrativas essenciais. Essas três regiões concentram 80% do comércio exterior brasileiro, tornando a medida um golpe direto na economia”, afirmou a entidade.



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