Homem morre após usar anestesia para fazer tatuagem; especialistas não recomendam a utilização – Notícias



A morte de um homem de 33 anos após a utilização de anestésico para a realização de uma tatuagem, ocorrida em Curitiba, em 2021, voltou a repercutir após informações divulgadas pela Polícia Civil do Paraná no início do mês. De acordo com o informe divulgado, o óbito de David Luiz Porto Santos estaria relacionado à substância aplicada pelo tatuador, a lidocaína.


De acordo com o anestesiologista Luiz Fernando Falcão, da BP — A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a lidocaína faz parte das anestesias que podem ser aplicadas pelas vias endovenosa, subcutânea, em nervo periférico ou tópica (diretamente na pele, via pomada ou spray).


Ele adverte que a utilização de anestesias demanda administração de um médico habilitado. “É importante ressaltar que a administração de anestesias fora de ambientes hospitalares é extremamente perigosa. Não se deve realizar anestesia em clínicas, locais sem infraestrutura ou na ausência de profissional médico habilitado”, informa.


A SBA (Sociadade Brasileira de Anestesiologia) reitera que a utilização de anestesias para procedimentos como perfurações para piercings ou tatuagens não é recomendada.


O anestesiologista explica que para a utilização da lidocaína é necessária a realização do cálculo da dose tóxica. Dependendo da dose utilizada, é preciso manter o paciente sob monitorização cardiovascular e respiratória contínua. 


O dermatologista Francisco dos Santos Neto afirma que, embora a utilização de anestésicos vise proporcionar maior conforto ao cliente, evitando dores, é importante que seja sempre pensado, primeiramente, na integridade da saúde desse paciente.


De acordo com as investigações, o rapaz estaria tatuando toda a extensão do braço. Segundo os especialistas, em razão da amplitude da área, é possível que tenha havido uma superdosagem, ocasionando toxicidade.



“Todo medicamento tópico também tem absorção sistêmica. Assim, devemos sempre saber a dose de segurança da medicação, estar atentos e capacitados para solucionar qualquer sintoma adverso da medicação. Não é porque é tópico que não pode ter reação adversa, processo alérgico ou até mesmo consequências mais sérias com o uso da medicação”, completa Neto.


Entre os efeitos que podem ocorrer na aplicação do anestésico, podem-se listar reações alérgicas, queda da pressão sanguínea (hipotensão) e a toxicidade, que pode ser acompanhada de irritação do sistema nervoso, convulsão, colapso cardiovascular e até parada cardíaca.


O dermatologista alega ainda que, pelo fato de a pele ser perfurada para a tatuagem, assim como a extensão e regiões altamente vascularizadas, como o braço, a absorção do medicamento acaba sendo maior.


Em casos da utilização do anestésico que ocorram eventos adversos, o atendimento ao paciente deve ser feito prontamente, com o fornecimento de oxigênio, suporte hemodinâmico e observação hospitalar.


Por fim, os especialistas afirmam que se deve sempre buscar profissionais responsáveis e com capacitação técnica para realizar tal procedimento e recomendam que o espaço tenha alvará e licença para funcionamento.



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