Ilan Goldfajn é o primeiro brasileiro a ser eleito presidente do BID



O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) elegeu neste domingo (20) o economista Ilan Goldfajn para comandar a instituição. Goldfajn é o primeiro brasileiro a presidir o banco de desenvolvimento em mais de 60 anos. Ele venceu a disputa em primeiro turno com o equivalente a 80% dos votos. Com 48 países-membros, o BID é o principal financiador de projetos de infraestrutura na América Latina e no Caribe. Em 2021, a instituição multilateral aprovou US$ 23 bilhões em financiamentos na região.

A entidade é composta por 28 países das Américas, 16 europeus, e também conta com a participação de China, Japão, Israel e Coreia do Sul. A indicação do economista foi oficializada em outubro pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que é governador titular da instituição financeira. Atualmente, o Brasil é o segundo maior acionista do BID, só perdendo para os Estados Unidos. O mandato do presidente do banco é de cinco anos.

“O ministro Paulo Guedes considera que o candidato concilia ampla e bem-sucedida experiência profissional no setor público, em organismos multilaterais e no setor privado, além de sólida formação acadêmica, que o qualificam inequivocamente para o exercício do cargo de presidente desta importante Instituição”, disse o Ministério da Economia, em nota, quando a indicação foi feita.

O BID foi fundado em 1959 e seus integrantes têm poder de voto proporcional ao total de ações. Os Estados Unidos têm maior peso na votação (30%), seguido de Brasil e Argentina (11,4% cada um), México (7,3%), Japão (5%) e Canadá (4%). Para que um membro seja eleito presidente, ele precisa contar com o apoio de países com mais de 50% do poder de voto e ter a maioria dos votos entre os países da América.

O brasileiro disputou o comando do banco com Cecilia Todesca Bocco (Argentina); Gerardo Johnson (Trinidad e Tobago); Gerardo Esquivel Hernández (México); e Nicolás Eyzaguirre Guzmán (Chile). Pouco antes do início das eleições, a Argentina decidiu retirar a candidatura de Cecilia Todesca Bocco para apoiar Goldfajn.

O Ministério das Relações Exteriores argentino disse neste domingo que se recusou a indicar seu candidato “em favor de uma maioria vencedora”, formada por Brasil, Estados Unidos e Canadá, em troca de uma vice-presidência na próxima liderança da organização.

“Estamos sempre em busca de consenso. A região tem que trabalhar em conjunto, os desafios e oportunidades são compartilhados e também concordamos com uma agenda de trabalho com uma perspectiva e questões que consideramos estratégicas para o desenvolvimento econômico e social”, disse a própria Todesca depois da retirada de sua candidatura.

Tentativa de interferência de Guido Mantega

No último dia 11, o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que estava trabalhando para barrar a indicação de Ilan Goldfajn para a presidência do BID. Quando fez a declaração Mantega tinha sido indicado para integrar a equipe de transição do governo Lula (PT) na área de planejamento, orçamento e gestão.

“Não estou dizendo que [Goldfajn] seja um mau candidato, mas o Bolsonaro tentou dar mais um golpe, criar um fato consumado e fazer um presidente do BID, a meu ver, de forma equivocada. Eles não foram negociar com a Argentina, com o Peru, a Colômbia, o Uruguai, eles lançaram um candidato assim, simplesmente. Alguns colegas acham que seria interessante prorrogar essa eleição para um período futuro de forma que o novo governo [Lula] pudesse se manifestar”, disse o ex-ministro, em entrevista à GloboNews.

A interferência foi criticada pelo ex-ministro Henrique Meirelles, que disse considerar Goldfajn um “técnico isento”. Não é representante de uma facção política, e isso é muito positivo”, ressaltou Meirelles. O BID também reagiu e declarou logo em seguida que seu regimento interno não contempla a possibilidade de adiar a eleição para a presidência do organismo.

“Posso garantir que todos a quem mostrei minha proposta no Brasil me apoiam e não há ninguém que tenha alguma objeção”, declarou Goldfajn, nesta sexta (18), em um fórum virtual organizado pelo Atlantic Council.

Histórico

Atualmente diretor do Departamento do Hemisfério Ocidental do Fundo Monetário Internacional (FMI), Goldfajn comandou o Banco Central do Brasil entre 2016 e 2019. Entre 2000 e 2003, foi diretor de Política Econômica da mesma instituição.

A eleição no BID ocorreu após a saída do norte-americano Mauricio Clavier-Carone. Indicado para presidir a instituição pelo ex-presidente Donald Trump, Clavier-Carone foi destituído em assembleia de governadores em 26 de setembro, sob a acusação de relações íntimas com uma funcionária e de retaliar funcionários que denunciaram a relação.

O banco estava sob comando temporário da hondurenha Reina Irene Mejía, vice-presidente do organismo. Com informações da Agência Brasil.



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