Impacto do horário de verão no consumo será decrescente
O Operador Nacional do Sistema (ONS) tem defendido a adoção do horário de verão no Brasil com o intuito de gerar uma redução da demanda de energia nos horários de pico. Em um relatório entregue ao Ministério de Minas e Energia (MME), o ONS reforçou que o impacto no consumo será decrescente mês a mês .
Em outubro, a queda estimada é de 2,9%, enquanto em novembro e dezembro, essa redução diminui para 2,5% e 1,4%, respectivamente. Já em janeiro, ocorre um leve aumento de 0,1%, com uma nova retração em fevereiro, na ordem de 0,2%.
O relatório técnico analisa o cenário para o período de 2024 a 2028, demonstrando que o horário de verão ajuda a suavizar o pico de demanda, principalmente no fim do dia, quando a geração de energia solar e eólica já está mais baixa. Isso reduz a necessidade de acionamento das usinas termelétricas, que possuem um custo de operação mais elevado. No entanto, o estudo também aponta que, em alguns meses e subsistemas, como no sul do país, a demanda pode aumentar, especialmente nos meses de verão.
A economia projetada com a menor utilização das termelétricas entre outubro e fevereiro de 2025 é de R$ 244 milhões a R$ 356 milhões, dependendo dos níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Além disso, a partir de 2026, a adoção do horário de verão poderá gerar uma economia adicional estimada em R$ 1,8 bilhão, relacionada à redução da necessidade de contratação de capacidade de reserva das usinas termelétricas.
De acordo com o ONS, a redução da dependência de usinas termelétricas pode minimizar os custos aos consumidores, tendo em vista que o impacto da bandeira tarifária vermelha eleva o custo da energia elétrica devido ao acionamento de termelétricas.
Governo quer horário de verão ainda neste ano
O governo tem estudado a retomada do horário de verão como uma estratégia para superar a seca extrema no país. Com a falta de chuva, há um esforço para poupar os reservatórios de hidrelétricas, o que leva ao maior acionamento de usinas termelétricas, que são mais caras.
A decisão pela retomada ou não do horário de verão deve caber ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a decisão sobre o retorno do horário de verão será tomada em dez dias. A expectativa do governo é que o horário de verão entre em vigor depois do segundo turno das eleições, no final de outubro.
O horário de verão foi extinto em 2019, no primeiro ano da gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), após conclusão de que o sistema de adiantamento de horas não reduz o consumo de energia. Pelo contrário, aumenta.
Segundo nota técnica do próprio Ministério de Minas e Energia à época, o horário de verão de 2018/2019 implicou no aumento da carga brasileira de energia elétrica da ordem de 0,7%.