Inflação foi de 5,79% em 2023, puxada por vestuário e alimentos


A inflação em dezembro, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado (IPCA) e calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi de 0,62%, encerrando 2022 em 5,79%. É o menor IPCA acumulado em 12 meses desde março de 2021.

Os itens que mais aumentaram de preço no ano passado foram vestuário (18,02%), alimentação e bebidas (11,64%) e saúde e cuidados pessoais (11,43%).

No grupo vestuário (18,02%), os preços das roupas femininas (21,35%) e das roupas masculinas (20,77%) acumularam altas acima de 20% no ano. As variações das roupas infantis e dos calçados e acessórios ficaram em 14,41% e 16,83%, respectivamente, enquanto as joias e bijuterias (3,67%) tiveram a menor variação. Houve alta acentuada no preço do algodão, uma das principais matérias-primas do setor, entre abril de 2020 e maio de 2022.

Outros custos de produção também subiram e houve uma retomada da demanda, após a flexibilização do isolamento social decorrente da pandemia de Covid-19.

A alta de 11,64% do grupo alimentação e bebidas foi puxada pela alimentação no domicílio (13,23%). Os destaques foram a cebola (130,14%), que teve a maior alta entre os 377 subitens que compõem o IPCA, e o leite longa vida (26,18%), que contribuiu com o maior impacto (0,17 p.p.) entre os alimentos para consumo no domicílio. Os preços do leite subiram de forma mais intensa entre março e julho de 2022, quando a alta acumulada no ano chegou a 77,84%.

A partir de agosto, com a proximidade do fim do período de entressafra, os preços iniciaram uma sequência de quedas até o final do ano, sendo a mais expressiva delas em setembro (-13,71%). No caso da cebola, a alta está relacionada à redução da área plantada, ao aumento do custo de produção e a questões climáticas. Outros destaques foram a batata-inglesa (51,92%), as frutas (24,00%) e o pão francês (18,03%).

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 7,47%. Enquanto a refeição teve aumento de 5,86%, a alta do lanche foi de 10,67%.

Em saúde e cuidados pessoais (11,43%), a maior contribuição (0,61 p.p.) veio dos itens de higiene pessoal (16,69%), em especial os perfumes (22,61%) e os produtos para cabelo (14,97%).

Outro destaque foi o plano de saúde, com alta de 6,90% e impacto de 0,25 p.p. no IPCA acumulado do ano. No final de maio, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou o teto para reajuste dos planos individuais novos (posteriores à lei 9.656/98) em 15,50% para o período de maio de 2022 a abril de 2023.

A partir de outubro, passaram a ser incorporadas as frações referentes aos planos antigos, com vigência retroativa a partir de julho. Destaca-se, ainda, a alta de 13,52% dos produtos farmacêuticos. Em 1º de abril de 2022, passou a valer o reajuste de até 10,89% nos preços dos remédios definido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), a depender da classe terapêutica e do perfil de concorrência das substâncias.

A região metropolitana do Rio de Janeiro (6,65%) teve a maior variação em 2022, influenciada pelas altas do seguro voluntário de veículo (45,36%), de emplacamento e licença (29,22%) e dos produtos farmacêuticos (16,98%). O menor resultado, por sua vez, ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre (3,61%), puxado para baixo pelas quedas de 30,90% nos preços da gasolina e de 33,18% na energia elétrica residencial.

BC vai culpar guerra por estouro da meta

Pelo segundo ano seguido, a inflação fechou acima da meta. Isto obrigará o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a encaminhar uma carta com explicações ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre as razões do descumprimento. Segundo “O Estado de S. Paulo”, o BC deve culpar a guerra na Ucrânia pelo estouro no IPCA.

Para 2023, o ponto médio (mediana) das expectativas do mercado financeiro para a inflação estão em 5,36%, segundo o boletim Focus, do BC. Elas estão em alta há quatro semanas.



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