Influências familiares e olímpicas embalam promessas do tiro com arco


A maranhense Renata Estrela foi apresentada ao tiro com arco quando tinha sete anos. O esporte, ainda pouco tradicional no Brasil, estreitou os laços entre ela e a mãe.

“A minha mãe saía de manhã, eu estava dormindo. Ela voltava à noite, eu também estava dormindo. Então, ela procurou alguma coisa para fazermos juntas, porque estávamos perdendo contato, e achou o tiro com arco. Quando cresci, virou uma coisa séria”, recordou a jovem, hoje com 15 anos.

Tão séria que Renata foi a Ribeirão Preto (SP) para disputar os Jogos da Juventude, principal evento esportivo do país para atletas até 17 anos, e voltará para São Luís com duas medalhas de bronze, conquistadas nessa quinta-feira (14). A primeira veio nas duplas mistas, com o conterrâneo Jonas Garcia, ao vencerem os paulistas Gustavo Pimentel e Rebeca Dantas. A seguinte foi obtida no individual feminino, em que derrotou Melissa Bonatti, do Distrito Federal, em um confronto definido na última flecha. Apesar de feliz com o desempenho, o que mais a satisfez vai além do resultado.

“O que fica são as amizades que fiz, com a galera de São Paulo, de outros estados. Isso, para mim, é o que mais importa. As memórias que você guarda, não os objetos. São amizades que você leva para a vida. Não só me aproximei da minha mãe [pelo tiro com arco] como ganhei uma família”, afirmou Renata.

A jovem de São Luís dividiu o pódio feminino com a mineira Gabriela Monteiro, medalhista de prata, e a fluminense Isabelle Trindade, que conquistou o ouro. Essa última, aos 17 anos, foi campeã sul-americana da Juventude no ano passado, em Rosario, na Argentina, e integra a seleção brasileira. Assim como Renata, Isabelle também iniciou no esporte com incentivo familiar.

14.09.23 - Jogos da Juventude 2023 - Influências familiares e olímpicas embalam promessas do tiro com arco. Foto: Beto Noval/COB

14.09.23 – Jogos da Juventude 2023 – Influências familiares e olímpicas embalam promessas do tiro com arco. Foto: Beto Noval/COB – Beto Noval/COB

“O meu primo começou [no tiro com arco], eu tinha oito anos. A gente era muito grudado. Eu fui experimentar também, acabei me apaixonando. Tem que ter muita concentração, foco. Gosto bastante da sensação. [Já ganha do primo?] Já, com certeza [risos]”, disse a fluminense.

Isabelle também foi medalhista de ouro nas duplas mistas, competindo ao lado de Emanuel Gravano. Na final, a parceria do Rio de Janeiro superou a de Minas Gerais, formada por Gabriela Monteiro e André Fonseca. Emanuel ainda levou a melhor sobre André na decisão individual masculina – a última da primeira participação do tiro com arco em uma edição de Jogos da Juventude.

Melhor do mundo

Diferentemente de Renata e Isabelle, Emanuel não teve influência familiar para entrar no esporte, mas, diretamente, a de uma atleta olímpica, a também fluminense Ane Marcelle dos Santos, que o apresentou à modalidade em 2017, durante uma clínica na escola do jovem de Maricá (RJ). Hoje, ele treina não somente com Ane Marcelle, mas também ao lado do atirador número um do mundo na atualidade, o conterrâneo Marcus D’Almeida.

“É muito bom [treinar com o Marcus]. A gente acaba pegando dicas, [aproveitando] a experiência dele. É uma pessoa muito maneira, que ajuda os iniciantes”, destacou Emanuel, que também faz parte da seleção brasileira.

Aos 25 anos, Marcus tem duas medalhas em campeonatos mundiais – foi prata em 2021 e bronze na edição deste ano – e mais duas em etapas finais da Copa do Mundo, sendo a mais recente um ouro inédito, conquistado em Hermosillo, no México, no último domingo (10). O sucesso do fluminense mostra aos jovens que competiram em Ribeirão Preto que é possível crescer na modalidade, mesmo sendomela ainda pouco difundida no país.

“Ele é uma das minhas maiores inspirações. Ver o quanto se dedicou e continua se dedicando. O foco dele, a história. Temos muito orgulho”, afirmou Isabelle, que, em abril, esteve com Marcus na etapa de Antalya, na Turquia, da Copa do Mundo.

“O Marcus é um ícone do tiro com arco, um ídolo para todo mundo, um exemplo, um espelho do que fazer e, também, do que o esporte pode nos dar”, completou Renata.

Além do tiro com arco, mais duas modalidades foram disputadas em Jogos da Juventude pela primeira vez nesta edição: triatlo e esgrima. Nesta sexta-feira (15), ocorrem as provas de águas abertas, mais um esporte estreante no evento. Neste sábado (16), último dia de competições, a TV Brasil transmite, ao vivo, as finais do handebol, a partir de 11h (horário de Brasília).



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