Luiz Marinho critica Banco Central e ajuste fiscal já neste ano: “oito a dez anos”
O ministro Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) criticou nesta segunda (26) a possibilidade do Banco Central voltar a elevar a taxa básica de juros para tentar conter o avanço da inflação, que pode chegar ao final deste ano em 4,25% de acordo com o Relatório Focus publicado mais cedo.
A crítica foi feita durante a abertura de um seminário na sede do BNDES no Rio de Janeiro, em que também criticou o ajuste fiscal que a equipe econômica do governo está fazendo para equilibrar as contas públicas ainda neste ano.
“Isso não pode ser pretexto para falar de aumento de juros. O Banco Central precisa aprender que combater a inflação não tem só um jeito, que é o jeito de restrição de crédito e aumento de juros. Controla-se a inflação também com oferta, com mais produção”, disse o ministro.
Marinho evitou centrar a crítica no presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, alvo constante de reclamações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de aliados. No entanto, afirmou que “se aprende na vida” que é possível controlar a inflação aumentando a produção, em vez de restringir a circulação do dinheiro.
“Vimos, nos primeiros governos Lula, que controlamos a inflação com mais produção”, afirmou ressaltando que não é economista.
Mesmo se dizendo não ser economista, Marinho também criticou o plano da equipe econômica – principalmente do ministro Fernando Haddad (Fazenda) – de cumprir a meta de zerar o rombo das contas públicas neste ano. Ele comentava sobre o bloqueio de recursos dos ministérios, e afirmou que a meta fiscal deveria ser atingida num prazo de “oito a dez anos”, e não já neste ano como prevê o arcabouço fiscal.
Ainda durante a abertura do seminário, Luiz Marinho afirmou que a geração de vagas formais de trabalho de janeiro a julho já superou o registrado em todo o ano passado e que isso se deve, entre outros fatores, às medidas de incentivo à indústria do governo.
“O mercado está aquecido, graças a Deus, claro, mas graças ao projeto liderado pelo presidente Lula”, disse.
Marinho, no entanto, evitou adiantar os dados da geração de emprego, que serão anunciados na quarta (28). Ao longo do ano passado, o Caged registrou uma abertura de 1,48 milhão de postos de trabalho, uma queda de 27% em relação ao saldo positivo de 2022.
Dados do primeiro semestre deste ano apontam que o saldo positivo ficou em 1,3 milhão.