Maduro e presidente da Guiana se encontram pela 1ª vez desde referendo sobre Essequibo – Notícias
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, iniciaram, nesta quinta-feira (14), uma reunião em meio às crescentes tensões na resolução da controvérsia sobre Essequibo, uma região entre os dois países que é rica em petróleo e outros recursos naturais.
O encontro entre os dois líderes foi promovido pela Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e pela Caricom (Comunidade do Caribe) e contou com o apoio do governo do Brasil, que enviou o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim.
O Ministério da Comunicação e Informação da Venezuela divulgou um vídeo no qual aparecem Maduro e Ali sentados em uma mesa ao lado de Ralph Gonsalves, o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, país anfitrião do encontro.
“Venho aqui para buscar, pela única via possível, a via do diálogo e da negociação, soluções efetivas”, disse Maduro à imprensa ao chegar a Kingstown.
“Trago os fatos comigo”, afirmou Ali, citado pela mídia guianense.
Posições antagônicas
A reunião é marcada por posições antagônicas sobre a pauta do encontro.
Maduro considera que a reunião com Ali é “uma grande conquista para abordar de maneira direta a controvérsia territorial” e afirma que tem o apoio dos venezuelanos após o referendo de 3 de dezembro, que aprovou que seja criado um novo estado no território do país vizinho.
O presidente da Guiana, por outo lado, nega que a disputa territórial esteja na agenda e insiste em sua posição de que a questão deve ser resolvida na CIJ (Corte Internacional de Justiça), que não tem a jurisdição reconhecida pelo governo venezuelano.
A Guiana levou o caso ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) e anunciou contatos com “aliados”, como os Estados Unidos, que organizaram exercícios militares em Essequibo.
O Brasil, que defende uma solução pacífica, anunciou a decisão de reforçar a presença militar na fronteira.
Petróleo, o pomo da discórdia
A disputa é centenária, mas o litígio ganhou intensidade em 2015, depois que a empresa americana ExxonMobil descobriu grandes reservas de petróleo bruto na região de Essequibo.
A habitual retórica anti-imperialista do governo venezuelano acusa Ali de ser “um escravo” da petroleira.
A Venezuela também acusa a Guiana de atribuir concessões em águas marítimas que ainda devem ser delimitadas.
Na última segunda-feira (11), o chanceler venezuelano, Yván Gil, aventou, em um encontro com a imprensa internacional em Caracas, a possibilidade de que se possa falar de uma “cooperação em petróleo e gás”, sem entrar em detalhes.