MEC propõe arte e “educação dos sentidos” contra violência nas escolas
O Ministério da Educação (MEC) começa a promover na próxima segunda-feira (28), em parceria com o Ministério da Cultura (MinC), um curso online para professores de “educação dos sentidos”, cujo objetivo, de acordo com a pasta, é ajudar no combate à violência nas escolas.
Os interessados vão assistir a aulas sobre o uso da arte na educação “como meio de percepção do mundo e de diálogo”. O projeto faz parte de um grupo de trabalho que o MEC criou para ações de enfrentamento à violência nas escolas.
Com o título “Educação dos sentidos para fazer sentido: arte nas escolas como estratégia de comunicação”, o programa terá uma carga horária total de 40 horas e ocorre até o dia 27 de setembro. É coordenado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
“A cultura é essencial para a construção da escola como um espaço seguro, pois através dela é possível formar seres humanos críticos, capazes de dialogar e respeitar o próximo”, afirma Yann Evanovick, coordenador geral de Políticas Educacionais para as Juventudes do MEC e coordenador-executivo do Grupo de Trabalho de Prevenção e Enfrentamento a Violência nas Escolas.
Os organizadores do programa afirmam que pretendem abordar “a arte, seus processos poéticos e expressivos, como caminho para a percepção do mundo e estabelecimento de diálogos”, com o objetivo principal de “promover uma cultura de equidade e bem viver através da arte”.
Em certos trechos, o edital do programa é uma salada de conceitos. O documento diz, por exemplo, que o curso “estabelece uma relação entre a cultura audiovisual, cultura alimentar, cultura digital e maker, cultura infantil, diversidade e acessibilidade, e as linguagens da arte”.
Há 162 vagas para o curso, seis para cada unidade federativa do país. Um dos propósitos do curso é criar ferramentas para que os participantes “aprendam e desenvolvam ações educativas tendo a arte como instrumento de reflexão, ação social e diálogo”. Ao final do curso, os alunos devem elaborar uma proposta de intervenção social em suas comunidades “a partir da arte como estratégia de comunicação”, diz o edital.
O novo curso é baseado no conceito de educomunicação, que tem como principal especialista no país o professor Ismar de Oliveira Soares, presidente da Associação Brasileira de Profissionais e Pesquisadores em Educomunicação (ABPEducom).
Em seu site, a entidade diz que a educomunicação tem como propósito “a criação e fortalecimento de ecossistemas comunicativos abertos e democráticos nos espaços educativos”, por meio da “gestão compartilhada e solidária dos recursos da comunicação, suas linguagens e tecnologias, levando ao fortalecimento do protagonismo dos sujeitos sociais e ao consequente exercício prático do direito universal à expressão”.
A educomunicação tem como um de seus focos a chamada “literacia midiática”, isto é, a familiarização dos estudantes com o uso das tecnologias de comunicação. Além disso, a ideia de horizontalizar a educação – isto é, de colocar professores e alunos em patamares semelhantes na relação que estabelecem – é central para os educomunicadores.
Os módulos do curso foram elaborados por artistas e educadores. Além de Ismar de Oliveira Soares, a professora Ana Mae Barbosa e artistas como Fabiana Cozza, Elisa Lucinda e Paulo Nazareth estão entre os colaboradores da iniciativa.