Ministro de Lula volta a criticar diretoria da Vale e chama governança de ineficiente



O ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia, voltou a criticar a mineradora Vale nesta quarta (28), alegando uma suposta ineficiência da empresa devido à ausência de um acionista de referência. A empresa foi privatizada em 1997 e teve as ações pulverizadas em diferentes acionistas.

O ataque à antiga estatal se tornou recorrente neste governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que tentou recentemente emplacar o ex-ministro Guido Mantega na presidência – no entanto, a empresa elegeu um executivo próprio para o comando a partir de 2025.

“Quando não há um acionista de referência, as empresas apresentam menos resultados e enfrentam mais dificuldades na relação necessária com o poder público, o que atrasa questões fundamentais para a sociedade – como, no caso específico da Vale, o acordo de Mariana”, disse Silveira a jornalistas.

A crítica de Silveira ocorreu dois dias depois da mineradora anunciar o vice-presidente de finanças da empresa, Gustavo Pimenta, como novo presidente. A decisão teve o aval dos representantes do governo no Conselho de Administração, mas frustrou o desejo de Lula e Silveira de terem um nome mais próximo no comando.

Apesar disso, Silveira disse que a escolha de Pimenta demonstra o respeito do governo pela governança interna da Vale, ainda que discorde de algumas decisões que favorecem outros acionistas. Ele também destacou a expectativa de que, por ser mineiro, Pimenta agilize a resolução dos impasses sobre o acordo de Mariana.

“Demonstra de forma inequívoca a transparência, a lealdade, a alegria do Brasil voltar a dialogar e demostra o que nós do governo pensamos. A empresa resolve dentro da sua governança. Eu estava muito ansioso por a Vale estar acéfala. Agora, não”, disparou.

A fala de Silveira ocorreu também um dia depois do próprio presidente Lula também expressar insatisfação com a diretoria da mineradora. Ele criticou a dificuldade de relacionamento com a Vale e lamentou a falta de uma liderança clara na empresa.

“A Vale antes tinha uma diretoria, eu sabia quem era o presidente. Hoje não tem dono, é uma tal de ‘corporation’ com gente que tem 2%, 3%, como cachorro de muito dono, que morre de fome, de sede, porque todo mundo pensa que colocou água, que deu comida, e ninguém colocou”, afirmou Lula, ressaltando a necessidade de ter uma figura central para ser cobrada.

Após as investidas políticas, a Vale reforçou a governança e conduziu o processo de escolha do novo presidente de forma independente. A mineradora contratou a consultoria internacional Russell Reynolds, sediada nos Estados Unidos, para assessorar o processo e apresentar uma lista de 15 possíveis candidatos, todos externos.

No entanto, foi aberta a possibilidade de incluir uma indicação interna, e dois nomes disputaram essa vaga: Gustavo Pimenta e o vice-presidente de minério de ferro, Marcelo Spinelli.



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