Mulher carrega mutação genética que faz com que ela praticamente não sinta dor, ansiedade e medo – Notícias



A aposentada Jo Cameron carrega uma mutação genética rara que, praticamente, a impede de sentir dor, medo ou ansiedade. A ex-professora passou, durante anos, cortes, fraturas, artrites e procedimentos cirúrgicos com pouca ou nenhuma dor, mas achava que era apenas uma pessoa “despreocupada”. 


Jo não sente nada ao se queimar, não sentiu dor durante o parto dos dois filhos e já saiu de um acidente de carro apenas com hematomas leves — suas feridas cicatrizam em tempo recorde. Não apenas fisicamente, a aposentada também tem níveis de estresse quase nulos. Mas não considerava essas coisas fora do padrão. 



Foi há dez anos, em 2013, quando tinha 65 anos, que descobriu que era diferente dos demais. Jo procurou atendimento médico para tratar de um problema no quadril que, apesar de ela não ter sentido desconforto, já estava em um nível grave de degeneração muscular. 


A ex-professora teve de substituir o quadril (artroplastia total), um procedimento doloroso e que exige um tempo de recuperação considerável. Porém, no dia seguinte, precisou apenas de dois comprimidos de paracetamol para lidar com a dor. 


Os médicos então perceberam que havia algo de diferente, uma espécie de “superpoder” que a impedia de sentir dor. Após exames em uma unidade especializada, constataram que Jo carrega uma mutação no gene FAAH-OUT, antes desconhecida.



Basicamente, a mutação diminui a expressão do gene FAAH, que está ligado à dor, ao humor e à memória. Cientistas da UCL (University College London) que estudaram o caso de Jo também encontraram alterações em outros dois genes, o BDNF e ACKR3, que podem contribuir com os níveis baixos de ansiedade, medo e ausência de dor. 


Jo exemplificou que, para ela, a dor é como um toque. Por exemplo, quando tira sangue, sente apenas a agulha na pele, nada mais que isso.


“O gene FAAH-OUT é apenas um pequeno canto de um vasto continente que este estudo começou a mapear. Assim como a base molecular para a ausência de dor, essas explorações identificaram caminhos moleculares que afetam a cicatrização de feridas e o humor, todos influenciados pela mutação FAAH-OUT”, disse Andrei Okorokov, autor sênior do estudo, ao tabloide britânico The Sun.


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Segundo o site, a aposentada é uma das duas pessoas que sabidamente carregam esse gene em todo o mundo.


Para o professor James Cox, da UCL Medicine, autor sênior do estudo, “ao entender precisamente o que está acontecendo no nível molecular, podemos começar a entender a biologia envolvida, e isso abre possibilidades para a descoberta de drogas que poderiam ter impactos positivos de longo alcance para os pacientes”.


Enquanto isso, Jo acredita que viverá até os 120 anos, devido à quase inexistência do estresse em seu cotidiano, mas tem medo de continuar inerte à dor. 


“A dor existe por uma razão, ela avisa você — você ouve o alarme —, e seria bom ter um aviso quando algo está errado”, relatou. 


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