ONU aprova investigação de violação de direitos humanos em protestos no Irã


O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quinta-feira, 24, a abertura de comissão para investigar supostos abusos de direitos humanos por autoridades do Irã na contenção dos protestos que se desenrolam no país há dois meses.

Em uma sessão especial em Genebra, a maioria do conselho votou pela criação de uma missão independente para investigar supostas violações de direitos humanos no Irã desde o início dos protestos em meados de setembro.

Defensores dos direitos humanos acusaram as forças de segurança iranianas de abusar sexualmente de prisioneiros de mulheres e de homens presos nos protestos, entre outros crimes. Pelo menos 14 mil pessoas teriam sido presas nos últimos dois meses.

O alto comissário da ONU para os direitos humanos, Volker Türk, instou as autoridades iranianas a encerrarem o “uso desnecessário e desproporcional de violência” contra os manifestantes.

Dos 47 membros do conselho, 25 países votaram a favor da resolução, incluindo os EUA. Dezesseis países se abstiveram e seis nações — China, Armênia, Cuba, Eritreia, Paquistão e Venezuela — votaram contra.

O Irã, que não é membro do conselho, rejeitou qualquer crítica ao tratamento dado aos manifestantes, a quem acusou de abrir caminho para vários ataques terroristas no país desde setembro.

A vice-presidente adjunta para mulheres e assuntos familiares do Irã, Khadijeh Karimi, disse na sessão que a países ocidentais como a Alemanha — que convocou a sessão — e os EUA “faltam credibilidade moral para pregar aos outros sobre direitos humanos”.

O Irã acusou as nações ocidentais de abrigar dissidentes que considera terroristas e de violar os direitos humanos iranianos por meio de sanções. “Aqueles que reivindicam o campeonato dos direitos humanos visam a vida de mulheres e crianças iranianas por meio da imposição ou implementação de sanções unilaterais desumanas e do apoio a atividades terroristas contra eles”, declarou Khadijeh.

Até agora, segundo a organização sem fins lucrativos Human Rights Activists in Iran,  440 pessoas teriam morrido nos protestos, incluindo 60 crianças. Autoridades iranianas disseram que cerca de 50 policiais perderam a vida em confronto com os manifestantes.

Os protestos começaram depois que a jovem curda Mahsa Amini, 22 anos, morreu na prisão, em 16 de setembro. Ela foi presa por usar inadequadamente o véu islâmico.

A Amnistia Internacional considerou a resolução da ONU como uma decisão histórica. “Embora a missão de averiguação devesse ter chegado muito antes, a votação de hoje envia uma mensagem clara às autoridades iranianas de que elas não podem mais cometer crimes sob a lei internacional sem medo das consequências”, disse o grupo, em um comunicado.





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