Peritos criticam governo e dizem que bônus para zerar fila do INSS é uma “farsa”
O vice-presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos Federais (ANMP), Eduardo Cardoso Alves, criticou duramente a concessão de um bônus de produtividade que será pago pelo governo aos peritos e servidores do INSS para zerar a fila de pessoas à espera de um benefício até o limite legal de 45 dias.
O bônus de R$ 68 a R$ 75 foi anunciado na semana passada e será pago aos servidores que trabalharem além da jornada regular. O programa retoma uma prática que vigorou em 2019 e foi retomado devido ao crescimento da fila nos últimos meses.
Além de pedir para os médicos e servidores
trabalharem a mais fora do expediente normal, Alves diz que o valor pago nesta
retomada do programa foi reduzido à metade.
“Uma farsa. […] O ministério está usando esse programa de bônus para descaracterizar as conquistas que a categoria teve durante aquela greve no governo Bolsonaro. É uma gestão que está perdida, que [Carlos Lupi, ministro da Previdência] não sabe o que faz e está tomando bronca do Lula o tempo todo porque a fila só está aumentando”, disse em entrevista à Folha de São Paulo publicada nesta quinta (27).
Alves confirmou declarações dadas pelo
presidente da entidade, Luiz Carlos Argolo, em uma mensagem de áudio enviada
aos associados recentemente, em que critica o ministro e fala em “fim da
carreira” e “beira do precipício” por causa da iniciativa do governo.
O vice-presidente da ANMP diz que Lupi “não tem ideia do que está fazendo na Previdência”, e que o programa vai afetar o convívio dos peritos com as próprias famílias, que “só tem o fim de semana”.
Por outro lado, o Ministério da Previdência
rebateu as críticas e disse que a associação se isolou ao romper com a atual
gestão da pasta. “O isolamento da ANMP foi uma escolha da própria entidade, que
rompeu com a atual gestão do ministério, que não se submeteu a sua postura de
querer interferir na gestão, inclusive na escolha de diretores e chefias na
área da perícia médica federal em Brasília e nos estados”, disse em nota.
A pasta informou, ainda, que a análise dos
documentos em dias não úteis “”pode ser efetuada [pelos peritos] fora dos seus
locais de trabalho, no horário que mais convier ao perito. Isso dá mais
flexibilidade para que ele realize seu trabalho”.
Por fim, afirmou ainda que o valor do bônus foi aumentado em setembro do ano passado “sem justificativa razoável, reduzindo a produtividade e a capacidade de atendimento dos segurados”.