Podemos julgar o modelo de liderança na Seleção Brasileira? – Notícias



Após o jogo do Brasil contra a Croácia, houve um verdadeiro massacre ao veterano capitão brasileiro Thiago Silva e também ao técnico Tite sobre o modelo de liderança de ambos. Enquanto o mundo observava o zagueiro em um momento de isolamento e introspecção- quase que em estado de meditação e pedindo aos Céus força e luz para aquele momento- outros detonavam o líder Tite por sair de cena e não consolar seus comandados em campo.


Afinal como um lider deve se comportar? Há maneiras corretas? Será que uma análise justa externa é viável sem conhecermos a intimidade do convívio do atletas?  Nessas horas de luto e sofrimento coletivos precisamos ter muito autocontrole nas criticas para não cometermos injustiças e prejulgamentos maldosos ou superficiais.


Vivemos em uma sociedade de estereotipos e modelos pré concebidos de perfil de liderança. Para alguns, ser líder é ser extrovertido, enérgico, inflexível, um verdadeiro dragão. Líder que é líder é agressivo e jamais demonstra sinais de fraqueza na opinião de muitos.


Observo, na atualidade, muitas mulheres inteligentes e competentes tentando copiar esses padrões masculinos de liderança e se tornando excessivamente rígidas e implacáveis em suas vidas profissionais. Algumas abrem mão até de sua intuição, sensibilidade e criatividade que podem diferenciar um grande líder e se arrependem no futuro. Outra capacidade ignorada é a capacidade do líder demonstrar que é um ser humano que tem suas fragilidades como qualquer outro de forma autêntica e sem negações insensatas e hipócritas aos seus comandados. O sofrimento para quem transgride seus valores e princípios é intenso, um grande nível de estresse observado em várias executivas de ponta.


Em uma Copa do Mundo, há um propósito de defesa da honra como se fosse uma batalha patriótica em uma Guerra, envolve o peso de uma nação. Trata-se de uma enorme pressão e responsabilidade, independente da experiência e sucesso profissional de cada jogador. Todos nós vivemos sob intensa pressão e cobrança no mundo capitalista competitivo e precisamos saber flexibilizar nossas análises psicológicas que podem ir muito além de certas posturas e demonstrações comportamentais aparentemente atribuídas a perdedores ou fracassados.


A maior prova de liderança demonstrada é o apoio mútuo e respeito por parte do grupo de jogadores e Comissão Técnica da Seleção Brasileira. O ambiente sempre foi considerado de união, agregador e autocritico sem ser centralizador ou autoritário. Todos se cobraram muito. Infelizmente, em nossa cultura, quando o trabalho falha por situações do acaso ou acidentes nada vale para alguns.


Acredito que não seja pecado para qualquer mortal ter momentos como aqueles apresentados pelo nosso “Capita” Thiago Silva e pelo técnico Tite, muito julgados e hostilizados por torcedores e imprensa. Ninguém conhece o perfil psicológico dessas pessoas que foram capazes de superar grandes adversidades em suas vidas pessoais para serem os grandes profissionais que sempre foram. De fora, é fácil julgar. Nossa sociedade precisa aprender a refletir sobre novos modelos de liderança que vão muito além das aparências e padrões antigos.


Sofri demais com essa eliminação de 2022, o impulso inicial é realmente o de detonar. Mas precisamos ter a noção de que um trabalho, por mais excelente que seja, não tem garantias de sucesso em nenhuma atividade profissional. O acaso, a falta de sorte, um detalhe final podem ruir tudo de bom que foi construído em anos de trabalho em minutos e até segundos. Destruir a reputação das pessoas é execrável.



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