Produção da indústria gaúcha continua em ritmo lento
Desde setembro de 2022, somente em março de 2023 a produção industrial gaúcha cresceu, registrando cinco quedas e três estabilidades nos demais meses
A indústria gaúcha continua desaquecida, segundo revela a pesquisa Sondagem Industrial do RS, divulgada pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs). Mesmo que o índice de produção tenha passado de 39,1, em abril, para 48,9 pontos, em maio, continuou abaixo de 50, o que significa retração da produção em relação ao mês anterior, a segunda consecutiva, embora menos intensa. Para os próximos seis meses, porém, a indústria gaúcha prevê um aumento da demanda, principalmente da doméstica, mas sem geração de emprego, que deve continuar caindo. “Em um cenário de insegurança, a disposição dos industriais investirem pouco se alterou, seguindo em nível moderado”, avalia o presidente da Fiergs Gilberto Petry.
Os empresários gaúchos descrevem na pesquisa um quadro desfavorável em maio, com quedas na produção e no emprego e altas na ociosidade e nos estoques de produtos finais. Desde setembro de 2022, somente em março de 2023 a produção industrial gaúcha cresceu, registrando cinco quedas e três estabilidades nos demais meses. O longo ciclo de redução da produção acaba repercutindo no emprego, que manteve a trajetória negativa em maio. O índice do número de empregados chegou a 47,2 pontos. Abaixo de 50, indica redução ante o mês anterior, e não supera essa marca desde setembro do ano passado, com sete quedas e uma estabilidade no período. Com baixo nível na atividade industrial, a utilização da capacidade instalada (UCI) também é afetada: passou de 69%, em abril, para 67%, em maio, patamar menor também que a média histórica do mês, de 68,7%. Da mesma forma, o índice de UCI em relação à usual atingiu 41,7 pontos, confirmando que a indústria gaúcha operou abaixo do normal para o mês. A UCI é normal quando o índice atinge 50 pontos. Acima disso, significa que o setor está aquecido.
Mesmo produzindo menos, a indústria gaúcha não consegue evitar o acúmulo de estoques de produtos finais. O índice de evolução mensal registrou 53,6 pontos, em maio, e o de estoques em relação ao planejado, 52,6. Os valores superiores a 50 mostram, respectivamente, que os estoques cresceram em relação a abril e ficaram acima do planejado pelas empresas. Faz 20 meses, desde setembro de 2021, que a indústria gaúcha acumula estoques acima dos planejados. Apesar de a indústria no estado permanecer em ritmo lento, a sondagem industrial realizada entre 1º e 13 de junho mostra que as expectativas para os próximos seis meses para a demanda passaram do campo negativo, em maio (49,2 pontos), para o positivo (52,6 pontos), em junho, projetando crescimento.
Mas o otimismo fica restrito à demanda doméstica, pois a pesquisa ainda prevê redução das exportações, 49,5 pontos, do número de empregados, 48, e das compras de matérias-primas, 49,1. Com este cenário apresentado, a intenção de investir quase não se alterou na passagem de maio para junho. Permanece positiva, mas em níveis moderados: o índice subiu de 51 para 51,7 pontos, pouco acima da média histórica de 51,2 pontos. O índice varia de zero a cem pontos e quanto maior o valor, maior é a disposição de investir. Em junho, 54,5% dos empresários gaúchos consultados têm intenção de realizar investimentos nos próximos seis meses. Em maio, o percentual foi de 53,4%.