Quem é o sindicalista presidente da Previ
Sindicalista, o atual presidente da Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), João Fukunaga, assumiu o cargo em março de 2023 e teve a gestão questionada após o Tribunal de Contas da União (TCU) autorizar, nesta semana, uma auditoria para analisar a perda de R$ 14 bilhões na entidade.
Maior fundo de pensão da América Latina, a Previ é responsável pela gestão de cerca de R$ 200 bilhões e tem quase 200 mil participantes. Fukunaga é o primeiro sindicalista a comandar a instituição desde 2010, quando Sergio Rosa deixou o cargo.
Nos anos seguintes, o fundo foi liderado por nomes considerados técnicos, até a chegada do atual presidente, indicado pela presidente do BB, Tarciana Medeiros. Fukunaga é funcionário de carreira do Banco do Brasil desde 2008.
Ele assumiu o cargo com 39 anos e foi criticado à época por ter pouca experiência. A Federação das Associações de Aposentados e Pensionistas do Banco do Brasil (FAABB) chegou a questionar o banco sobre “os critérios que levaram à nomeação do sindicalista João Fukunaga para presidir a Previ”.
Na ocasião, a FAAB afirmou que o sindicalista “desde a posse no Banco do Brasil, era funcionário do posto efetivo, sem ter exercido qualquer comissão mesmo que de nível médio”. Seu mandato vai até 31 de maio de 2026.
Além de presidir a previdência do BB, Fukunaga também é membro dos Conselhos de Administração da Vale S.A. e do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Ao solicitar a auditoria, o ministro Walton Alencar apontou que “os resultados obtidos em 2024 dão causa a gravíssimas preocupações”. Os dados citados pelo ministro mostram que o “Plano 1” do fundo de pensão operou no negativo entre janeiro e novembro do ano passado.
Em 2023 e 2022, o resultado para o mesmo período foi positivo em R$ 5,6 bilhões e R$ 5 bilhões, respectivamente. O “Plano 1” é a previdência complementar dos funcionários do Banco do Brasil que foram admitidos até dezembro de 1997.
Presidente da Previ diz que TCU age politicamente
Mais cedo, Fukunaga negou que a instituição tenha registrado déficit em 2024, apontando uma suposta movimentação política da parte do TCU. Segundo ele, a decisão da Corte de contas “só gera barulho e prejudica os beneficiários”.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o presidente da Previ alegou ser alvo de “ataques” desde sua nomeação e destacou que, apesar da desvalorização de alguns ativos, que resultaram no impacto de R$ 14 bilhões, a Previ chegou em novembro de 2024 com superávit de R$ 528 milhões.
Na noite da quarta (5), a Previ emitiu nota informando que não comentaria sobre a decisão do TCU, mas questionou o fato de a perda dos R$ 14 bilhões em 2024 estar sendo tratada como “prejuízo” pela imprensa. A entidade disse que “o déficit de um determinado período não pode ser confundido com prejuízo”, pois “são conceitos bem distintos”.
Sindicalista
Segundo a biografia de Fukunaga divulgada no site oficial da Previ, ele é formado em História e possui mestrado na área pela PUC-SP. Iniciou sua carreira como professor do Ensino Médio e também atuou como pesquisador e, desde 2008, é funcionário de carreira do Banco do Brasil.
Em 2012, ele assumiu a direção do Sindicato dos Bancários de São Paulo e foi coordenador nacional da Comissão de Negociação dos Funcionários do BB. “Nesse período acumulou experiência nas principais funções de gestão da Entidade. Em 2017, assumiu o cargo de Secretário de Assuntos Jurídicos e, em 2020, foi responsável pela área de Organização e Suporte Administrativo do Sindicato”, diz o texto.
Já em 2022, Fukunaga foi escolhido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) – entidade que reúne os maiores sindicatos do País – para o cargo de Auditor Sindical, atuando nas negociações entre funcionários e a direção do Banco.