Renegociou? Eis cinco dicas para não voltar a ter dívidas impagáveis
Concentrar gastos em apenas uma conta e meio de pagamento é uma das dicas preciosas de Eliane Tanabe, planejadora financeira certificada pela Planejar
Começa assim: após a perda do emprego, uma separação, a morte de um ente querido e até mesmo uma ajuda a um parente, as contas vão deixando de ser pagas. O dinheiro destinado a outras despesas vai sendo usado para cobri-las, e empréstimos vão sendo tomados para evitar a perda de bens. Resultado: o que começou com dez contas a pagar se multiplica em 50 boletos não pagos, cujos valores correspondem ao dobro e até ao triplo da renda mensal. É o chamado ciclo de dívidas impagáveis.
Uma chance de sair desse superendividamento é renegociar esses débitos. E semana que vem começa mais uma oportunidade para isso: a terceira e última fase do Desenrola, programa do governo federal para renegociação de dívidas. Ela será voltada para quem tem renda de até dois salários mínimos. O programa começou em julho e já renegociou mais de R$ 10 bilhões de dívidas de brasileiros que recebem mais de dois salários mínimos mensais e menos de R$ 20 mil. Todas as fases do Desenrola se encerram no final deste ano. Se você seguiu os passos e realizou uma boa renegociação dos débitos, mas agora não deseja cair novamente em uma bola de neve, confira as dicas de Eliane Tanabe, planejadora financeira certificada pela Planejar.
Diminua o seu padrão de vida
Quem renegociou dívidas da maneira correta está consciente dos seus gastos, despesas e do seu orçamento. Por isso, cometerá um grande erro caso não diminua o seu padrão de vida ao menos até que as parcelas da dívida estejam quitadas. “É necessária paciência. Sair de um ciclo de dívidas impagáveis pode demorar até três anos, enquanto no caso de valores menores em alguns meses é possível reverter a situação”, explica Eliane. Por isso, é necessário que esse processo seja sustentável. Ao diminuir o padrão de vida, é possível deixar sobras no orçamento para despesas inesperadas, que podem colocar o pagamento das parcelas da renegociação em risco. Há casos de perda de emprego no qual a recolocação pode acarretar em um salário 30% menor. Nesse caso, pode ser necessário lidar com a diminuição do custo de vida por mais tempo. “Contudo, se tirarmos o peso de que a felicidade está no consumismo e no supérfluo, é possível encontrar um caminho bem legal para viver até que a renda volte a se estabilizar”, reforça a especialista.
Faça trocas inteligentes
Muita gente se acostuma a sair para comer em restaurante bons, mas em momentos de aperto por que não fazer experiências gourmet em casa e chamar os amigos para que todos colaborem? Se o hábito de sair faz muito bem para a família, espaçar mais essas saídas também pode ser uma solução. “Você não precisa ir ao restaurante toda semana. Pode tornar a saída mensal”, sugere Eliane. Caso o hábito seja comprar roupas de marca, é possível modificá-lo por uma marca similar que seja mais barata e traga o mesmo conforto. O mesmo vale para planos de celulares com padrão de velocidade de internet mais alto ou aparelhos de padrão superior. “O consumidor precisa entender qual é a função do aparelho. Muitos só o utilizam para Whatsapp e Waze. Então, dá para economizar”, ensina.
Busque aumentar a sua renda
Para a maioria das pessoas é possível aumentar a renda, reforça Eliane. Investir em ajuda profissional pode render bons frutos. “Um planejador consegue verificar se a pessoa tem habilidades e ajudá-la a encontrar saídas inteligentes para acelerar o fim do processo de superendividamento”, recomenda.
Simplifique a sua vida financeira
Costuma pagar com cartão de crédito, débito e PIX? Ou, pior, tem cinco contas correntes e cinco cartões de crédito? A dica dada pela especialista financeira é concentrar gastos em apenas uma conta e meio de pagamento, de forma a não se enrolar nos cálculos e acabar gastando mais do que pode.
Invista em ajuda profissional e terapia
Quem já entrou em um ciclo de dívidas impagáveis precisa de apoio profissional, que terá um olhar racional sobre as raízes do problema. “Geralmente, há muito comportamento e emoção envolvido nesse processo e não existe uma solução única para todo superendividado. Cada caso é um caso”, relata Eliane. Apesar de ser algo bem desafiador, é um momento importante para ressignificar a vida e os valores. “O superendividado precisa definir suas prioridades, o que realmente tem valor para si, e encontrar felicidade nessa fórmula. Você realmente precisa impressionar as pessoas gastando dinheiro? É um momento de reflexão”, aconselha a especialista.
Com Redação da B3