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Com investimento de R$ 6,6 milhões, a iniciativa prevê a implantação de um gasoduto com 11 quilômetros para o biogás canalizado em Itapiranga
Frequentemente a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abre chamadas públicas para buscar soluções envolvendo o setor. Desse modo, todos os interessados podem enviar suas propostas. Foi assim que a CGT Eletrobras venceu um dos editais para inserir energia a partir de biogás oriundo de resíduos e efluentes líquidos na matriz brasileira. A chamada, lançada em julho de 2012, está dando forma final ao projeto de biogás em Itapiranga, cidade localizada no Oeste de Santa Catarina, conhecida pela vocação agropecuária. Com investimento de R$ 6,6 milhões, a iniciativa prevê a implantação de um gasoduto com 11 quilômetros para o biogás canalizado, uma mini central termoelétrica e uma subestação para conexão à rede de distribuição primária da concessionária local, além de 11 biodigestores. A iniciativa atende aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, priorizados pela companhia catarinense.
O processo de biodigestão gera uma série de subprodutos com alto potencial comercial, como gás carbônico, biochar [termo de origem inglesa, que designa o carvão vegetal empregado para correção de solo] e biofertilizante. Além disso, estima-se que a energia elétrica produzida reduzirá os custos dos produtores rurais. Após conclusão das obras e comissionamento, a pesquisa prevê monitoramento da operação da infraestrutura construída durante um ano, a fim de identificar padrões tecnológicos e modelos de negócios mais aplicáveis ao contexto brasileiro. A unidade deverá receber a licença ambiental para operação ainda neste segundo semestre, entrando em operação até o início de 2025. No ano seguinte, está prevista a realização da cessão não onerosa da infraestrutura aos produtores rurais locais.
“Como o Brasil é um país com foco no agronegócio, acredita-se que, utilizando apenas um percentual das propriedades produtoras, já podemos aumentar consideravelmente a oferta de energia elétrica e gases”, projeta Bruno Lisboa, engenheiro de Pesquisa & Desenvolvimento da CGT Eletrosul. Para ele, o projeto trouxe muitos aprendizados. “Com esse projeto, foi possível vislumbrar o potencial de geração de biogás no Brasil, mas principalmente criar marcos para poder implementar condomínios energéticos, interligando produtores com uma geração centralizada”, resume ele, que também é especialista em energias renováveis e engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Lisboa conta ainda que o projeto de biogás terá um estudo complementar, após a entrada em operação da usina, para avaliar a eficiência e vantagens econômicas em se gerar energia a partir do biogás, refinar o biogás para obter biometano ou ainda transformar o gás em hidrogênio. Isso deverá ser feito em conjunto com universidades, por exemplo. A CGT Eletrosul tem convênios com diversas faculdades e centros de pesquisa, como a própria UFSC, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro). Anualmente, a empresa tem investido 1% da sua receita operacional líquida, totalizando uma média de R$ 20 milhões nos últimos cinco anos. Nos dois últimos anos, porém, esse valor foi maior: R$ 25 milhões.
A companhia também incentiva a inovação. No final do ano passado, a Eletrobras lançou o Polo Sul do Innovation Grid, plataforma de conexão da empresa com os maiores ecossistemas de inovação do Brasil. O primeiro polo foi implantado em Florianópolis (SC), onde está localizada a sede da subsidiária Eletrobras CGT Eletrosul. Outros três polos serão ainda instalados em diferentes regiões da área de atuação da empresa. O Innovation Grid convida startups, empreendedores, estudantes, universidades e centros de pesquisa para que se conectem à Eletrobras. O edifício-sede da Eletrobras CGT Eletrosul foi transformado em hub do Innovation Grid para receber as instalações de startups parceiras da iniciativa. O Polo Sul do Innovation Grid surge como um facilitador para conectar startups e atores do ecossistema catarinense aos especialistas dos centros de excelência, de pesquisa, desenvolvimento e inovação e de todas as áreas de negócio da Eletrobras. Especialidades e demandas de Inteligência Artificial (IA), ciência de dados, indústria IoT, robotização e automação e tecnologias deeptech aplicadas ao setor elétrico estarão ao alcance das startups selecionadas, acelerando entregas de valor criadas em conjunto. Um levantamento da Associação Brasileira de Startups (ABStartups) e da Accenture aponta Santa Catarina como o estado com a maior concentração de startups do país, considerando o número de habitantes.
A plataforma Innovation Grid conta com três módulos que fortalecem a interação da maior empresa de energia elétrica da América Latina com startups, empresas de base tecnológica, institutos de pesquisa, universidade e hubs de inovação. O PowerUp é o módulo que busca solucionar desafios internos através de soluções maduras disponíveis no ecossistema de inovação. Já o Spark estimula que estudantes de graduação e pós-graduação de instituições de ensino proponham e desenvolvam novas soluções. O Tech Partnerships, por sua vez, estabelece parcerias técnico-científicas para o desenvolvimento de tecnologias de alto impacto.
Esse conteúdo integra a edição 347 da revista AMANHÃ, publicação do Grupo AMANHÃ. Clique aqui para acessar a publicação online, mediante pequeno cadastro.