Sul poderá ter até três fábricas de biometano
Serão as primeiras usinas com estas características a tratar resíduos orgânicos industriais em larga escala no Brasil
A eB Capital, gestora de investimentos alternativos, anuncia investimento de R$ 600 milhões em plataforma de biosoluções para produção de biometano, gás carbônico e fertilizantes a partir de resíduos agroindustriais, em parceria com a Sebigas Cótica. O movimento integra um fundo destinado à infraestrutura sustentável da gestora, que tem como sócios Eduardo Sirotsky Melzer, Luciana Antonini Ribeiro e Pedro Parente. Intitulada Bioo, a iniciativa contempla a criação de uma plataforma de biogás e tratamento de resíduo orgânico, em sociedade entre ambas as empresas, com controle da eB Capital. A plataforma foi concebida e terá a operação gerida pela Sebigas Cótica. Serão as primeiras usinas com estas características a tratar resíduos orgânicos industriais em larga escala no Brasil, mitigando gases de efeito estufa e auxiliando as empresas brasileiras em suas metas de descarbonização a aterro zero.
Metade dos recursos financeiros (R$ 300 milhões) são oriundos de capital próprio e serão utilizados para concluir a construção da primeira planta e iniciar a estruturação e construção das demais unidades. Outros R$ 300 milhões estão sendo captados com instituições financeiras e fundos institucionais de organizações oficiais de fomento. A expectativa é que o montante total – R$ 600 milhões – esteja totalmente alocado até o final de 2025, mas a primeira unidade deve entrar em operação até o final do próximo ano, na cidade de Triunfo, no Rio Grande do Sul, estrategicamente posicionada ao lado do Polo Petroquímico do Sul. Esta primeira planta já possui contrato firmado com a distribuidora Sulgás para fornecimento do biometano gerado para injeção diretamente no gasoduto da companhia. Outras duas unidades estão em estudos.
Ao portal AMANHÃ, Pedro Parente, cofundador da eB Capital, revelou que o Sul poderá ganhar ao menos uma das plantas restantes. “Não há decisão ainda. As outras duas plantas estão em estudo de viabilidade das localidades, mas há uma grande possibilidade de serem implementadas nos mercados do Sul e Sudeste”, afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa. Ao jornal Zero Hora, ele revelou, no entanto, que há grande chance de que as três sejam no Sul, com possibilidade forte de que a segunda também fique no Rio Grande do Sul. De acordo com a gestora, o mercado de transição energética no Brasil representa mais de R$ 130 bilhões em investimentos mapeados para os próximos cinco anos.
Mercado de biogás
O biometano já é uma realidade em diversos países ao redor do mundo. Segundo a European Biogas Association, na União Europeia, por exemplo, existem mais de 1 mil plantas em operação, e o setor quadruplicou desde 2011. Apenas na França, há 921 plantas em construção. Na Dinamarca, 25% do gás natural já é biometano, enquanto na Suécia esse número chega a 20%. Nos Estados Unidos, a capacidade instalada de biogás é de cerca de 2 GW, distribuída em mais de 500 projetos. O governo norte-americano prevê incentivos fiscais de até 30% do valor do investimento para novos projetos no segmento, segundo o US Department of Energy. De acordo com a Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), no Brasil, o setor tem crescido a uma taxa anual de 20%, mas a capacidade atual representa apenas 3% do potencial nacional. Além disso, apenas 16% do biogás produzido provém de resíduos da agroindústria, e 22% do biogás é utilizado como biometano.