Tratamento insuficiente de lesões iniciais pode ter levado Neymar a mais uma cirurgia; entenda – Notícias



Na última segunda-feira (6), o PSG anunciou, em comunicado oficial, que Neymar Jr. será submetido a uma cirurgia de reparação ligamentar e estará fora dos jogos e treinos por um período de três a quatro meses.


A entorse sofrida pelo jogador no dia 20 de fevereiro é o motivo do procedimento. Segundo a nota, a condição tem causado vários episódios de instabilidade no tornozelo direito do atleta.


Não é a primeira vez que Neymar sofre com a lesão. Em 2014, jogando pelo Barcelona, ele teve uma entorse nos tendões peroneais do tornozelo direito. Pouco antes do início da Copa América de 2019, também rompeu o ligamento do tornozelo direito e ficou de fora da competição.


“O que podemos falar das entorses de tornozelo é que, realmente, o tratamento conservador, que é o tratamento de acompanhamento ambulatorial, de seguimentos com fisioterapia e reabilitação, acaba sendo o primeiro tratamento, e, a partir daí, observamos esse paciente. O cuidado pós-entorse inicial é evitar que esse paciente tenha entorses de repetição, que foi o que acabou acontecendo com o atleta”, explica Claudia Diniz, ortopedista especialista em pé e tornozelo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.



Há três graus de lesão de entorse. O primeiro é quando há um estiramento (alongamento excessivo do tecido comprometido); o segundo, uma lesão parcial; e o terceiro acontece em casos de lesão completa. As entorses de repetição são classificadas como uma lesão de grau três, segundo Claudia.


Essas entorses causam uma instabilidade na região, o que compromete, diretamente, a mobilidade e a flexibilidade do jogador.


Uma possível explicação para a intervenção cirúrgica (feita por indicação clínica, não por grau de lesão) é que os outros quadros de entorse do atleta não foram tratados de forma suficiente. 


“Talvez a primeira lesão dele não tenha sido uma lesão grau três, e talvez esse retorno precoce ao gramado [tenha sido a causa], não conseguimos afirmar. Mas o que conseguimos entender é que o entorse inicial bem-tratado evita instabilidade. Não sabemos se os demais seriam preveníveis, mas, visto que aconteceram outros, já temos que ficar em alerta”, relata Claudia. 


A ortopedista complementa que, se a situação chegou a esse ponto e exigiu um tratamento cirúrgico, é porque também estava comprometendo a qualidade de vida e limitando as atividades de Neymar. 


“Para o atleta, atleta amador, e mesmo para o paciente convencional, a instabilidade do tornozelo acaba sendo muito prejudicial à saúde. Pensando na longevidade dessa articulação e na reabilitação funcional de um atleta, acabamos indicando o tratamento cirúrgico, que consiste, quando possível, no reparo ligamentar”, diz a ortopedista. 


A intervenção cirúrgica pode proporcionar uma boa evolução do quadro ao passar dos anos, sem dores, além de aumentar o tempo de atuação no esporte. Porém, ainda não é possível mensurar se ela vai interferir no rendimento de Neymar. 


“Como ele é um paciente jovem, um atleta, no geral toda essa construção muscular, essa característica óssea, faz com que ele tenha mais chance de se reabilitar. Agora, o retorno acaba sendo muito correlacionado com o que encontramos de lesão na cirurgia”, informa Claudia. 



Segundo a ortopedista, as entorses de tornozelo são mais frequentes do que se imagina: são as que mais aparecem em prontos-socorros, independentemente da idade. Ela não está especificamente ligada à modalidade esportiva.


No entanto, existem esportes em que ela se torna mais comum, como o basquete e o vôlei. 


Não há uma forma de prevenir a condição, já que ela pode acontecer, por exemplo, após um simples tropeço na rua. Mas o preparo muscular, que melhora a estabilidade dinâmica, é sempre essencial para prevenir lesões.


Para atletas e não atletas que já tiveram ou têm quadro de entorse no tornozelo, a ortopedista recomenda atividades como musculação, pilates e treinos funcionais, por exemplo. 


“[A entorse] precisa de tratamento, precisa de atenção, e a ideia é sempre evitar que você tenha um segundo episódio. Uma vez que você teve o segundo episódio, temos que chamar mais atenção, porque podemos estar cursando e encaminhando para uma instabilidade articular, e na instabilidade articular, às vezes, o desfecho é cirúrgico”, finaliza Claudia. 


*Estagiária do R7, sob supervisão de Giovanna Borielo


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