Ucrânia pede reunião da ONU para acabar com ‘chantagem nuclear’ da Rússia – Notícias



A Ucrânia pediu neste domingo (26) uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) para encerrar a “chantagem nuclear” da Rússia, após seu anúncio de implantar mísseis nucleares táticos em Belarus.


Há um ano as autoridades russas multiplicam as ameaças de usar armas nucleares se o conflito com a Ucrânia se agravar.


O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou ontem, sábado (25), que iria implantar armas nucleares “táticas” em Belarus — na fronteira com Letônia, Lituânia e Polônia, três países da UE (União Europeia) e da Otan — e que dez aeronaves já foram equipadas para usar esse tipo de arma.


“A Ucrânia espera do Reino Unido, China, Estados Unidos e França ações efetivas para neutralizar a chantagem nuclear do Kremlin”, que é o quinto membro permanente do Conselho de Segurança, disse o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia em nota. 



“Pedimos que uma reunião extraordinária do Conselho de Segurança da ONU seja convocada imediatamente para esse fim”, acrescentou o ministério, que também instou o G7 e a UE a pressionar Belarus com “consequências importantes” se aceitar o destacamento russo.


“Retórica nuclear da Rússia é perigosa e irresponsável”, diz Otan


“A Otan permanece vigilante e está monitorando a situação de perto”, disse a porta-voz da Aliança Atlântica, Oana Lungescu. No momento, “não notamos nenhuma mudança no dispositivo nuclear da Rússia que nos levasse a ajustar o nosso”, acrescentou.


“O Kremlin tomou Belarus como refém nuclear”, escreveu no Twitter o secretário do Conselho de Segurança e Defesa da Ucrânia, Oleksii Danilov, considerando que a decisão é “um passo para a desestabilização interna do país”, dirigido desde 1994 por Alexander Lukashenko.


Putin diz que os EUA estavam fazendo o mesmo


Ao anunciar a implantação, Putin afirmou que os Estados Unidos já estavam fazendo o mesmo.


“Não há nada incomum aqui: os Estados Unidos fazem isso há décadas. Há muito tempo implantam armas nucleares táticas no território de seus aliados”, disse ele, em entrevista transmitida pela televisão russa.


“Decidimos fazer o mesmo”, acrescentou, garantindo já ter a aprovação do presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko. 


Para o assessor presidencial ucraniano Mikhailo Podoliak, o presidente russo admite, com essa medida, que “tem medo de perder [a guerra] e que tudo o que pode fazer é ter medo”. Ele também acusou Moscou de “violar o tratado de não proliferação nuclear”.


Putin observou, no entanto, que a implantação seria feita “sem violar nossos acordos internacionais de não proliferação nuclear”. 


A Alemanha denunciou essa iniciativa neste domingo (26), “uma nova tentativa de intimidação nuclear” por parte da Rússia, e afirmou que Belarus vai contra o seu compromisso de permanecer um território sem armas nucleares. 


Armazém especial de armas nucleares


Moscou começará a treinar equipes em 3 de abril e planeja terminar a construção de uma instalação de armazenamento especial para armas nucleares táticas em Belarus em 1º de julho, disse Putin. 


Embora Minsk não esteja diretamente envolvida no conflito com a Ucrânia, Moscou usou seu território para realizar sua ofensiva no ano passado e para efetuar bombardeios, segundo as autoridades ucranianas.


Putin decidiu enviar esse tipo de arma nuclear para a ex-república soviética depois que o Reino Unido mencionou a possibilidade de entregar obuses de urânio empobrecido à Ucrânia. 


O presidente russo ameaçou recorrer a esse tipo de projétil se Kiev recebesse tal material. 


“A Rússia, é claro, tem com o que responder. Temos, sem exagero, dezenas de milhares desses projéteis. Até agora não os usamos”, disse Putin.


São armas que “podem ser classificadas como as mais nocivas e perigosas para o ser humano […] e para o meio ambiente”, alertou.


Munições com urânio


O uso de munições com urânio empobrecido implica riscos tóxicos para os militares e para a população das áreas onde é utilizado.


Em negociações recentes em Moscou entre Putin e seu colega chinês, Xi Jinping, ambos os governantes afirmaram em um pronunciamento conjunto que a guerra nuclear “nunca deve ser declarada” porque “não pode haver vencedores”.


Mas várias autoridades russas, inclusive o ex-presidente Dmitri Medvedev, ameaçaram várias vezes usar uma arma nuclear desde o início da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. 


Putin suspendeu no mês passado a participação da Rússia no tratado de desarmamento nuclear, um “novo start” que assinou com os Estados Unidos, embora tenha prometido respeitar os limites de seu arsenal nuclear até o fim efetivo do acordo, em 5 de fevereiro de 2026.




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