União Europeia impõe novas sanções contra Rússia em aniversário de invasão da Ucrânia – Notícias
A invasão da Ucrânia pela Rússia completa um ano nesta sexta-feira (24). O conflito segue sem perspectivas de um cessar-fogo, sendo o mais grave na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Relembre alguns dos acontecimentos mais marcantes do período
*Estagiária do R7, sob supervisão de Lucas Ferreira
No primeiro dia da ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, Moscou tomou a central nuclear de Chernobyl, que abriga o sarcófago que cobre os restos do reator acidentado da usina. Ao deixarem o local, em março, os russos ‘saquearam as instalações, roubaram equipamentos e objetos preciosos’, segundo a agência estatal ucraniana de energia atômica
Quando as tropas russas cercaram a cidade de Odessa, no sul da Ucrânia, os portos ficaram impossibilitados de escoar a grande produção de grãos. O acontecimento gerou escassez de alimentos em vários países e fez com que os preços de commodities agrícolas disparassem. Nesse momento, os efeitos da guerra começaram a ser sentidos no mundo inteiro
Civis ucranianos começaram a se alistar no Exército para enfrentar os russos. Com pouca ou nenhuma experiência, homens e mulheres se apresentaram para receber equipamentos e se dirigir às zonas de conflito
A guerra na Ucrânia também escancarou a dependência europeia em relação ao gás russo, que usa o recurso como arma de guerra. Em meio às sanções, os países se viram obrigados a procurar outros mercados e a Rússia perdeu o status de grande fornecedor de energia da Europa
Além de outros equipamentos civis, o maior avião de carga do mundo, o Antonov An-225 Mriya, foi destruído pela guerra. A aeronave estava parada no aeroporto de Gostomel, próximo à capital, Kiev. Após dias de batalha entre russos e ucranianos pelo controle da base aérea, um bombardeio destruiu parte das instalações do aeroporto e o hangar em que estava o avião
Um porto estratégico ucraniano, na região do Mar Azov, foi tomado no dia 21 de março
Em abril, as tropas russas conseguiram conquistar a cidade de Mariupol, no sul da Ucrânia, grande ponto estratégico da ofensiva russa. Um dos casos que mais causaram comoção mundial durante a guerra foi o ataque ao hospital infantil e maternidade da cidade. Pelo menos três pessoas morreram no bombardeio, incluindo uma criança e uma grávida, e 17 ficaram feridas. Além disso, uma mulher em trabalho de parto no momento do incidente precisou ser retirada do local às pressas
Outro momento marcante foi quando a usina siderúrgica de Azovstal, o último reduto de resistência ucraniana em Mariupol, foi tomada. Mais de 2.500 combatentes do Exército da Ucrânia e do Batalhão de Azov tiveram que se render após semanas sitiados na fábrica. No entanto, só em maio houve a rendição do último bastião de resistência, quando 250 combatentes deixaram o local e viraram prisioneiros de guerra
Em abril, um massacre em Bucha, a noroeste de Kiev, provocou comoção mundial. As fotos de cadáveres amarrados com as mãos para trás — o que pode caracterizar uma execução por parte dos russos — se espalharam pelas redes sociais. Grande parte dos corpos que estavam pelas ruas não foi identificada, e por isso muitos foram enterrados em valas coletivas. As autoridades ucranianas contabilizaram pelo menos 410 civis assassinados. A imagem chocante da mão de Iryna Filkina, uma das vítimas do massacre em Bucha, se tornou símbolo da guerra na Ucrânia e rodou o mundo. A mulher teve o corpo reconhecido a partir da unha pintada de vermelho e rosa
No Dia das Mães, em 8 de maio, Jill Biden visitou a Ucrânia, onde se encontrou com a primeira-dama do país, Olena Zelenska. Durante o compromisso oficial, ambas visitaram escolas e Jill entregou um buquê de flores a Zelenska, depois de um longo abraço entre as duas
Zelenska também foi capa da edição de outubro da revista Vogue. A ucraniana posou em áreas do conflito na capital, Kiev, para a renomada fotógrafa Annie Leibovitz. Muitas pessoas não receberam bem o ensaio fotográfico e a primeira-dama foi atacada nas redes sociais, acusada de ‘espetacularizar’ a guerra
A explosão de um caminhão-bomba na ponte Kerch, que liga a Rússia à Crimeia, no dia 8 de outubro, matou três pessoas e interrompeu a passagem de carros da principal via de acesso à região anexada pela Rússia em 2014. A Ucrânia não assumiu a autoria do ataque, mas Putin classificou a situação como um ‘atentado terrorista’ e culpou o serviço secreto ucraniano
Motivo de preocupação da (AIEA) Agência Internacional de Energia Atómica, a usina nuclear de Zaporizhzhia, ocupada por militares russos desde o início da guerra contra a Ucrânia, teve que ser mais uma vez desconectada temporariamente da rede elétrica após um bombardeio russo no dia 17 de outubro. O local precisou operar por meio de geradores. Apesar de estar em posse dos russos, são funcionários ucranianos que mantêm a usina em operação. A Energoatom, agência estatal responsável por controlar a energia atômica na Ucrânia, pediu ‘medidas urgentes’ para desmilitarizar a planta nuclear
Uma ‘novidade’ usada pelas tropas russas nos últimos tempos são os ‘drones suicidas’ para atacar a capital ucraniana, Kiev, e outras localidades do país. Fabricado no Irã, o veículo aéreo é difícil de ser detectado, carrega cargas explosivas de até 36 kg e é programado por GPS para alcançar alvos. No início de outubro, a Ucrânia disse que conseguiu interceptar 60% de todos os drones Shahed 136 recebidos
Atacadas pelos drones iranianos, cerca de 30% das centrais elétricas ucranianas foram destruídas em bombardeios, segundo o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. O país chegou a impor restrições no consumo de energia e o governo trabalha na criação de pontos móveis de fornecimento de energia para infraestrutura crítica. Na última semana, mais de mil localidades ucranianas estiveram privadas de eletricidade devido aos bombardeios russos. Em meio à chegada do inverno, a Rússia começou a atacar as infraestruturas ucranianas, usando o frio como arma de guerra ao deixar milhões de pessoas sem energia e calefação
Além de promoverem inúmeras sanções à Rússia e o envio de armas à Ucrânia, vários líderes europeus quiseram mostrar apoio com visitas a Zelenski, entre eles o presidente da França, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Olaf Scholz
O encontro mais aguardado com políticos internacionais aconteceu entre Zelenski e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O ucraniano visitou Washington no fim de dezembro, enquanto o líder norte-americano foi até Kiev nesta semana
Em setembro, a maioria dos eleitores que participaram de referendos feitos pela Rússia no leste e no sul da Ucrânia votou a favor da anexação ao território russo. As campanhas em Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia são consideradas ‘farsa eleitoral’ pelo governo de Kiev e não foram reconhecidas internacionalmente
Em novembro, o mundo parou quando um míssil de fabricação russa caiu na Polônia e matou pelo menos duas pessoas na cidade fronteiriça de Przewodów, no leste do país. O acontecimento levantou temores de uma possível escalada no conflito já que e Polônia é integrante da Otan, cujo artigo 5º estabelece o ‘princípio da defesa coletiva’entre os membros. Zelenski culpou a Rússia pelo incidente, enquanto a Otan acalmou os ânimos ao afirmar que o míssil veio da Ucrânia em defesa contra os ataques russos
A revista Time nomeou o presidente Zelenski a ‘Pessoa do Ano’ de 2022 em dezembro. ‘Se a batalha pela Ucrânia enche de esperança ou de medo, Zelenski arrebatou o mundo de uma forma que não víamos há décadas’, escreveu Edward Felsenthal, editor da publicação
Um cessar-fogo proposto pela Rússia durante a celebração do Natal ortodoxo, no início de janeiro, terminou com registros de ataques de ambos os lados. Essa foi a primeira tentativa de trégua desde o início do confronto
Um atentado em meados de janeiro em Dnipro deixou mais de 200 apartamentos destruídos. Ao término das operações de resgate, o governo ucraniano anunciou que pelo menos 45 pessoas morreram, enquanto outras 20 permaneceram desaparecidas
Um dia depois de autoridades militares ocidentais de países como Alemanha, Espanha, Estados Unidos e Polônia terem prometido tanques à Ucrânia, as Forças Armadas da Rússia realizaram dezenas de bombardeios que deixaram 11 pessoas mortas e 11 feridas
A guerra também gerou uma onda de refugiados. Mulheres e crianças tentavam desesperadamente atravessar as fronteiras do país em carros, ônibus, trens e até a pé. Em poucos dias, 1,73 milhão de pessoas deixaram a Ucrânia, no maior fluxo de refugiados que a Europa registou desde a Segunda Guerra Mundial. Atualmente, segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), mais de 8 milhões de refugiados ucranianos estão espalhados pela Europa
O número de mortos na guerra é incerto. A ONU estima que 8.000 civis morreram, enquanto outros 13.287 ficaram feridos. Já entre as forças ucranianas, o jornal britânico The Telegraph acredita que 120 mil homens foram a óbito ou precisaram se retirar do front por lesões. Do lado russo, autoridades dos Estados Unidos estimam que 200 mil pessoas que lutam por Moscou (soldados e mercenários) morreram ou ficaram feridas na guerra